quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

APLICAÇÃO DA MEDIUNIDADE

Introdução:

O que é uma reunião mediúnica? E como deve se realizar?

Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são o resultante das de seus membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogêneo for (LM c. 29 it. 331).

As reuniões espíritas são compromissos graves assumidos perante a consciência de cada um, regulamentados pelo esforço, pontualidade, sacrifício e perseverança dos seus membros. Somente aqueles que sabem perseverar, sem postergarem o trabalho de edificação interior, se fazem credores da assistência dos Espíritos interessados na sementeira da esperança e da felicidade na Terra - Programa sublime presidido por Jesus das Altas Esferas. Nas reuniões sérias, os seus membros não podem compactuar com a negligência aos deveres estabelecidos em prol da ordem e da harmonia, para que a infiltração dos Espíritos infeliz não as transforme em celeiros de balbúrdia, em perfeita conexão com a desordem e o caos. (Nos Bastidores da Obsessão – pág 45 de Manoel Philomeno de Miranda).



Ä Faculdade Maleável.

Sendo a mediunidade a faculdade que possibilita ao individuo encarnado relacionar-se com as entidades desencarnadas, captar os seus pensamentos e sentimentos e transmiti-los aos outros, bem como perceber coisas além dos limites físicos, próprios do mundo espiritual, ela não representa em si mesma nenhum mérito de quem a possui, porque o seu aparecimento independe da formação moral do indivíduo.

Desta forma, pessoas sem formação moral podem apresentar a faculdade mediúnica e sempre encontrarão entidades espirituais que lhes secundem a vontade e o pensamento, associando-se a elas na rede de desequilíbrio.

Possuir a faculdade mediúnica não é motivo, portanto, nem de orgulho nem de vaidade, nem tampouco de santificação de quem quer que seja... O que a pessoa realizar com a sua faculdade mediúnica, pode ser motivo de nosso respeito ou de nossa reprovação; pode ser conforme os desígnios superiores da Lei de Equilíbrio, de Amor e de Justiça ou não; pode estar de acordo com o que preceitua o Espiritismo ou não.

Assim, pelo despreparo para a pratica mediúnica equilibrada e pelo desinteresse pelo conhecimento e, ainda, por apresentarem fraquezas morais, muitos se deixam envolver pela obsessão e se vêem em dificuldades sem conta quando pretendem recompor-se e seguir no verdadeiro caminho de sua reabilitação moral.

Muitos outros, maravilhados com o fenômeno mediúnico, esquecem que ele é meio, é via para atingir o fim, o qual é o esclarecimento da criatura humana com a sua conseqüente transformação moral e se deixam levar para o profetismo, para o experimentalismo, para o guiísmo, numa dependência total, a ponto de não mais decidirem o que lhes compete sem antes fazerem uma consulta aos Espíritos.

Há outros ainda, que, além de serem envolvidos pelos elogios fáceis, pela bajulação, começam a fraquejar e receber pequenos obséquios, pequenos favores materiais, discretas lembrancinhas, e por fim caem num mercenarismo barato que os inutiliza. Registre-se que não precisa ser o médium quem seja diretamente beneficiado com o movimento financeiro que se faça em seu derredor para que tal ação seja encarada com muito cuidado por nós.

Os Espíritos amigos tentam por inúmeras maneiras esclarecer, orientar e despertar o médium para os perigos da utilização de sua mediunidade sem os critérios cristãos, mas se este se nega a acolher os alvitres salutares, contínuas displicente com o lado moral da aplicação de sua faculdade, eles simplesmente se afastam, deixando o caminho livre aos Espíritos que sintonizam com tal modo de pensar e proceder.

As pessoas que possuem a faculdade mediúnica em níveis mais intensos estão mais sujeitas as influenciações devido à facilidade de sintonia com os Espíritos. Maior cuidado, pois, deverão ter com as companhias espirituais que elegem para a sua vida diária.

A mediunidade sendo uma faculdade maleável, tanto serve como instrumento do bem quanto do mal, de elevação quanto de queda, de construção quanto de derrocada, dependendo unicamente do modo como se comporta aquele que a possui.

As pessoas que possuem a faculdade mediúnica em níveis mais intensos estão mais sujeitas as influenciações devido à facilidade de sintonia com os Espíritos. Maior cuidado, pois, deverão ter com as companhias espirituais que elegem para a sua vida diária.

Ä Preparo Doutrinário.

A mediunidade sendo inerente ao ser humano pode aparecer em qualquer pessoa, independente da doutrina religiosa que abrace. Assim é que grandes vultos foram consagrados pelas doutrinas religiosas católicas e protestantes em seus vários ramos, por apresentarem fenômenos inusitados, que fugiam a qualquer consideração humana, fenômeno que ultrapassavam a craveira comum. Daí serem eles considerados santos, profetas, missionários, etc.

Por outro lado, são incontáveis os casos de pessoas ligadas a outras religiões ou sem qualquer principio religioso, ou mesmo, ditas Espíritas, que se encontram envolvidas em processos de obsessão crucial, sofrendo a conseqüência da influenciação espiritual, sendo tratadas como doentes ou de um tratamento salvador.

A mediunidade então será um bem ou um mal?

A mediunidade é uma faculdade inerente ao espírito humano, e tal como outras faculdades surgem na criatura independentemente de seu estado de elevação moral, mas está sujeita à vontade e à diretriz que o seu possuidor lhe der, podendo se transformar em caminho de redenção ou de sofrimento inomináveis. Por ser um instrumento, o resultado de sua aplicação sempre depende de nossa orientação.

"À humanidade seria facultado um poderoso elemento de renovação, se todos compreendessem que há, acima de nós, um inesgotável manancial de energia, de vida espiritual, que se pode atingir por gradativo adestramento, por constante orientação do pensamento e da vontade no sentido de assimilar as suas ondas e radiações, e com o seu auxilio desenvolver as faculdades que em nós jazem latentes".

"A aquisição dessas forças nos abroquela contra o mal, nos coloca acima dos conflitos materiais e nos torna mais firmes no cumprimento do dever. Nenhum dentre os bens terrenos é comparável à posse desses dons. Sublimados a seu mais alto grau, fazem os grandes missionários, os renovadores, os grandes inspirados".

"Como podemos adquirir esses poderes, essas faculdades superiores? Descerrando nossa alma, pela vontade e pela prece, às influencias do Alto. Do mesmo modo que abrimos as portas da nossa casa, para que nela penetrem os raios do Sol, assim também por nossos impulsos e aspirações podemos franquear aos eflúvios celestes o nosso" ego "interior".

"Em Espiritismo, a questão de educação e adestramento dos médiuns é capital; os bons médiuns são raros – diz-se muitas vezes, e a ciência do invisível, privada de meios de ação, só com muita lentidão vem a progredir".

"Quantas faculdades preciosas, todavia, não se perdem, a mingua de atenção e cultura! Quantas mediunidades malbaratadas em frívolas experiências, ou que, utilizadas ao sabor do capricho, não atraem mais que perniciosas influencias e só maus frutos produzem! Quantos médiuns inconscientes de seu ministério e do valor do dom que lhes é outorgado deixam inutilizadas forças capazes de contribuir para a obra de renovação!".

"A mediunidade é uma delicada flor que, para desabrochar, necessita de acuradas precauções e assíduos cuidados. Exigem o método, a paciência, as altas aspirações, os sentimentos nobres, e, sobretudo, a terna solicitude do bom Espírito que a envolve em seu amor, em seus fluidos vivificantes. Quase sempre, porém, querem faze-la produzir frutos prematuros, e desde logo se estiola e fana ao contacto dos Espíritos atrasados".

"È preciso que, ao menos, o médium, compenetrado da utilidade e grandeza de sua função, se aplique a aumentar seus conhecimentos e procure espiritualizar-se o mais possível, que se reserve horas de recolhimento e tente então, pela visão interior, alçar-se até às coisas divinas, à eterna e perfeita beleza. Quanto mais desenvolvido for nele o saber, a inteligência, a moralidade, mais apto se tornará para servir de intermediário às grandes almas do Espaço".

"... Os dons psíquicos, desviados de seu eminente objetivo, utilizado para fins de interesses medíocres, pessoais e fúteis, revertem contra os seus possuidores, atraindo-lhes, em lugar dos gênios tutelares, as potencias malfazejas do Além".

"Fora das condições de elevação de pensamento, de moralidade e desinteresse, pode a mediunidade constituir-se um perigo; ao passo que tendo por fim firme propósito no bem, por suas aspirações ao ideal divino, o médium se impregna de fluidos purificados; uma atmosfera protetora se forma em torno dele, o envolve, o preserva dos erros e das ciladas do invisível".

"E se, por sua fé e comprovado zelo, pela pureza dalma em que nenhum calculo interesseiro se insinue, obtém ele a assistência de um desses Espíritos de luz, depositários dos segredos do Espaço, que pairam acima de nós e projetam sobre a nossa fraqueza as suas irradiações; se esse Espírito se constitui seu protetor, seu guia, seu amigo, graças a ele sentirá o médium uma força desconhecida penetrar-lhe todo o ser, uma chama lhe iluminar a fronte. Todos quantos tomarem parte em seus trabalhos, e colherem os seus resultados, sentirão reanimar-se-lhes o coração e a inteligência às fulgurações dessa alma superior; um sopro de vida lhes transportará o pensamento às regiões sublimes do Infinito". (No Invisível, 1.ª parte, Cap. V).

O preparo doutrinário para o médium significa iluminação do caminho, dando-lhe roteiro mais seguro e de mais fácil acesso, afastando-o das enganosas ilusões e das armadilhas preparadas pelos inimigos do bem e da luz.

"O médium forjado no preparo doutrinário que o Espiritismo oferece, não se torna somente melhor médium, mas, principalmente, melhor cristão".

Ä Evangelização Espiritual.

No aprendizado mediúnico o que deve prevalecer, para aquele que realmente deseja se transformar em instrumento valioso nas mãos sábias dos Espíritos do Senhor é o preparo espiritual conveniente de acordo com as normas do Evangelho de Jesus.

Sem a arma da virtude conquistada palmo a palmo, lágrima a lágrima, seremos instrumentos inermes e sujeitos a servirmos de mediadores da treva e do mal. Quais flores infecundas brilharão somente um dia, para depois sermos arrancados da situação vaidosa em que nos colocamos pelos ventos da provação nos confundindo no pó e na lama. Porém, se formos flores fecundadas pelo amor aos ensinamentos do Sublime Pastor, resistiremos aos ventos da adversidade, às tempestades, e nos transformaremos no fruto saboroso e nutriente, pronto a servir aos famintos e desesperançados do caminho.

"As bases de todos os serviços de intercâmbio, entre os desencarnados e encarnados, repousam na mente, não obstante as possibilidades de fenômenos naturais, no campo da matéria densa, levados a efeito por entidades menos evoluídas ou extremamente consagrado à caridade sacrificial".

"De qualquer modo, porém, é no mundo mental que se processa a gênese de todos os trabalhos da comunhão de espírito a espírito".

"Daí procede à necessidade de renovação idealística, de estudo, de bondade operante e de fé ativa, se pretendemos conservar o contacto com os Espíritos da Grande Luz".

"Simbolizemos nossa mente como sendo uma pedra inicialmente burilada. Tanto quanto a do animal, pode demorar-se, por muitos séculos, na ociosidade ou na sombra, sob a crosta dificilmente permeável de hábitos nocivos ou de impulsos degradantes, mas se a expomos ao sol da experiência, aceitando os atritos, as lições, os dilaceramentos e as dificuldades do caminho por golpes abençoados do buril da vida, esforçando-nos por aperfeiçoar o conhecimento e melhorar o coração, tanto quanto a pedra burilada reflete a luz, certamente nos habilitamos a receber a influencia dos grandes gênios da sabedoria e do amor, gloriosos expoentes da imortalidade vitoriosa, convertendo-nos em valiosos instrumentos da obra assistencial do Céu, em favor do reerguimento de nossos irmãos menos favorecidos e para a elevação de nós mesmos às regiões mais altas".

"A fim de atingirmos tão alto objetivo é indispensável traçar um roteiro para a nossa organização mental, no Infinito Bem, e a segui-lo sem recuar".

"Precisamos compreender – repetimos – que os nossos pensamentos são forças, imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no campo espiritual".

"Atraímos companheiros e recursos, de conformidade com a natureza de nossas idéias, aspirações, invocações e apelos".

"Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis, construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros".

"Nosso êxito ou fracasso dependem da persistência ou da fé com que nos consagramos mentalmente aos objetivos que nos propomos alcançar".

"Semelhante lei de reciprocidade impera em todos os acontecimentos da vida".

"Comunicar-nos-emos com as entidades e núcleos de pensamentos, com os quais nos colocamos em sintonia".

"Nos mais simples quadros da natureza, vemos manifestado o principio da correspondência".

"Um fruto apodrecido ao abandono estabelece no chão um foco infeccioso que tende a crescer, incorporando elementos corruptores".

"Exponhamos a pequena lâmina de cristal, limpa e bem cuidada, à luz do dia, e refletirá infinitas cintilações do Sol".

"Andorinhas seguem a beleza da primavera".

"Corujas acompanham as trevas da noite".

"O mato inculto asila serpentes".

"A terra cultivada produz o bom grão".

"Na mediunidade, essas leis se expressam, ativas".

"Mentes enfermiças e perturbadas assimilam as correntes desordenadas do desequilíbrio, enquanto que a boa vontade e a boa intenção acumulam os valores do bem".

"Ninguém está só".

"Cada criatura recebe de acordo com aquilo que dá".

"Cada alma vive no clima espiritual que elegeu, procurando o tipo de experiência em que se situa a própria felicidade".

"Estejamos, assim, convictos de que os nossos companheiros na Terra ou no Além são aqueles que escolhemos com as nossas solicitações interiores, mesmo porque, segundo o antigo ensinamento evangélico" teremos nosso tesouro onde colocarmos o coração ". (Roteiro – Cap. 28)".

Desta forma, ninguém espere alcançar a condição de médium do bem e da luz sem se incorporar definitivamente no clima do Evangelho do Mestre e Senhor Jesus.

ÄBibliografia: (Nos Bastidores da Obsessão – pág 45 de Manoel Philomeno de Miranda). Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, "Palavras de Vida Eterna", Cap. 42; idem, "O Consolador", Questões 383 e 384. (No Invisível, 1.ª parte, Cap. V). Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, "Palavras de Vida Eterna, Cap. 122; idem, idem", Religião dos Espíritos, Cap. 16; idem, idem, "O Consolador. Questão, nº 242". Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, "Palavras de Vida Eterna", Cap. 42 e 43: Idem, idem, "O Consolador" Questões 409/410; Idem, idem, "Roteiro", Cap. 28. Aulas Teóricas Práticas da Apostila nº 10 do Coem.

ORIENTAÇÃO AOS ESPIRITOS

Introdução:

Ä Quais são as qualidades básicas para o Doutrinador?

Formação doutrinária muito sólida, com apoio insubstituível nos livros da Codificação Kardequiana.
Familiaridade com o Evangelho de Jesus.
Autoridade moral

Amor
Paciência (interrogatório)
Tato (segurança)
Energia (no momento certo)
Vigilância (visão global)
Humildade
Destemor
Prudência
Sensibilidade

Ä Direção ou orientador:

O diálogo em tom de voz natural de forma coloquial (entre o orientador e o Espírito)
O Espírito conserva reações psicológicas similares às daqueles que ainda estão encarnados.
Transmitir-lhe compreensão e otimismo para superação de suas dificuldades.
Pronunciar as palavras com profunda delicadeza para o envolvimento vibracional. Com austeridade, sem autoritarismo radical.
Evitar explanações doutrinárias discursivas, e, sobretudo não fazer críticas ostensivas pelo estado do comunicante.
Atuar mais com sentimento de bondade do que com palavras excessivas.
Deixar o espírito externar-se para identificar a causa oculta do problema.
Não se preocupar com a identificação.
Desnecessário explicar a razão do sofrimento atual.
Não insistir que o comunicante adote postura oracional.
Não tocar no Médium
Evitar falar a situação do Espírito de imediato.
Com Espíritos difíceis: sinceridade,
No final dar atenção ao médium
É o contato do Espírito sofredor com o fluido animalizado do médium... Acontece uma transferência de elevada carga de energias animalizadas que são absorvidas pelo desencarnado.(o ser leva consigo inúmeras impressões físicas e mentais)

Ä Avaliação: É de capital importância analisar com o grupo as passividades e doutrinações ocorridas na prática mediúnicas, após os trabalhos ou reuniões periódicas de avaliação, com o intuito de desenvolver a autocrítica, estimular uma mentalidade de avaliação e criar o gosto de se perceber o crescimento desse labor bem como das pessoas que nele se integram.

A direção equilibrada, sensata, experiente e segura dos aspectos teóricos e práticos da mediunidade saberá distinguir com clareza e orientar o médium nas situações esdrúxulas, evitando a crítica sem tato psicológico, gerador de sérios bloqueios na instrumentalidade mediúnica. *

A função de doutrinador requer a conquista de atributos diretamente relacionados com os valores espirituais da paciência, sensibilidade amorosa, tato psicológico, energia moral, vigilância, humildade, destemor e prudência.

Todo médium que sinceramente deseje não ser joguete da mentira deve procurar produzir em reuniões sérias e solicitar o exame crítico das comunicações como meio de escapar ao perigo da fascinação.

A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau de semelhança entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza das comunicações.(LM cap. XX item 227)

Ä Fases para o nosso crescimento:

A Primeira delas, é a parada na trajetória do mal quando nos alcança o arrependimento.
A Segunda é quando sofremos o impacto expiatório que nos remete ao passado para regularizá-lo.
A Terceira quando somos brindados por oportunidades provacionais que constroem o futuro.
A Quarta e última é a vivência do bem perene, eterno, através do serviço e autodoação.
Ä Quais os Espíritos que se manifestam para o diálogo em uma reunião mediúnica?

Dirigente das trevas (arrogante, frio, calculista, inteligente, experimentado e violento: comparecem para sondar o doutrinador. Situa-se num plano de Olímpica superioridade e nada vem pedir; vem exigir, ordenar, ameaçar, intimidar).

Planejador: é frio, impessoal, inteligente, culto. Mostra-se amável, maneja muito bem o sofisma, é excelente dialético, pensador sutil e aproveita-se de qualquer descuido ou palavra infeliz do doutrinador para procurar confundi-lo.

Os juristas: Autoritários, e seguros de si, exoneram-se facilmente de qualquer culpa porque se cingem aos autos do processo. Na sua opinião, qualquer juiz terreno proferiria a mesma sentença diante daqueles fatos.

O executor: Sente-se totalmente desligado da responsabilidade, quanto às atrocidades que pratica, pois não é o mandante; apenas executa ordens.

O religioso: Apresentam-se, quase sempre, como zelosos trabalhadores do Cristo, empenhados na defesa de sua Igreja. São argutos, inteligentes, agressivos, violentos, orgulhosos, impiedosos e arrogantes.

O Materialista: Este não constitui problema difícil, no trabalho de esclarecimento.

O intelectual: encontramo-los de todos os feitios, variedades e tendências. Há-os descrentes, indiferentes, materialistas, espiritualistas, médicos, advogados, nobres, ricos, pobres.

O vingador: observa, planeja e espera a ocasião oportuna e o momento favorável.

Magos e feiticeiros: promovidos por antigos magos e feiticeiros que, no mundo espiritual persistem nas suas práticas e rituais.

Magnetizadores e hipnotizadores: São amplamente utilizados nos processos obsessivos, os métodos da hipnose e do magnetismo, que contam, no Além, com profundos conhecedores e hábeis experimentadores dessas técnicas de indução, tanto entre os Espíritos esclarecidos como os em desequilíbrio.


Ä Quais Benefícios Decorrentes deste Intercâmbio de Auxílio?

Proporciona aos membros dos grupos socorristas lições proveitosas;
Melhor compreensão da lei de causa e efeito;
Exercício da fraternidade;
Proporciona alívio, para os desencarnados, através do "choque fluídico";
Possibilidade de cirurgias perispirituais, enquanto ocorre a psicofonia ou os processos socorristas mais específicos que visam beneficiar os comunicantes;
Exercício da caridade anônima;
Oportunidade do diálogo para ao que não conseguem sintonizar com os Benfeitores Espirituais.
Os médiuns conquistam amigos e méritos no mundo espiritual.
Ä Necessidade de Doutrinação.

Os Espíritos ao desencarnarem carregam consigo suas virtudes e seus defeitos, continuando, na vida espiritual, a serem o que eram quando encarnados, pois que a morte não tem o condão de transformar a criatura naquilo que ela não é. Assim a grande maioria dos homens, morrendo para a vida física, adentram o mundo espiritual marcados pelos seus vícios e condicionamentos materiais.

As religiões tradicionais, cheias de formulas e de misticismo, calcadas na intenção de assustar para converter, em vez de esclarecer para iluminar, iludem o Espírito que não encontra no além aquilo que esperava. As idéias falsas sobre o céu e o inferno e as de repouso para esperar o julgamento final o decepcionam frente à realidade do mundo espiritual, fundamentado na existência da lei de Causa e Efeito.

Cada um se mostra tal é, não havendo a possibilidade de engodo pela hipocrisia e pela falsa aparência. A ressonância vibratória marcada no perispírito é traduzida pela aura psíquica de cada um, que reflete a sua condição espiritual, e também o chamado peso específico que se fundamenta na elevação dos pensamentos, sentimentos e atos da criatura.

Quanto mais elevados forem estes, seu perispírito será mais rarefeito, e o contrario o torna grosseiro e pesado, colocando assim cada habitante do mundo espiritual em seu merecido e devido lugar.

Os que se encontram em posição de perturbação por falta de esclarecimento adequado, ou por renitência no mal, ignorantes que são da lei de amor, necessitam ser orientados, para que em se modificando mentalmente, melhorem de situação espiritual. Por estarem ainda cheios de condicionamentos materiais, repelem ação mais direta dos orientadores desencarnados, necessitando, destarte, um contacto com os Espíritos ainda mergulhados nos fluidos densos da matéria, ou seja, os encarnados, o que acontece no fenômeno mediúnico.

Os desencarnados falam a eles, mas não os atingem. Porém, em contacto com um médium, pelo fato das vibrações serem mais similares, há possibilidade de entendimento. Daí a doutrinação visar a modificação da forma de pensar e de agir dos Espíritos buscando sua melhora; ensinando-lhes o caminho do bem e do perdão. Despertando-os para a necessidade da renovação espiritual, ajudamo-los a descobrir o Evangelho de Jesus para a sua inteira libertação.

Assim a doutrinação dos Espíritos desencarnados é de grande importância para apressar ainda mais o progresso do mundo espiritual, com resultados benéficos no mundo dos encarnados.

Ä Métodos Utilizados:

Na doutrinação das entidades que se comunicam nas sessões mediúnicas, não há regra fixa, pois cada caso é um caso diferente e especial.

Contudo, há determinados comportamentos a serem observados, pois são regras cristãs que devem ser empregadas, como:

Receber com atenção e interesse as comunicações;
Ouvi-las com paciência e imbuído da melhor intenção de ajudar;
Envolver o Espírito comunicante em um clima de vibrações fraternais, dando oportunidade para que ele fale;
Estabelecer em tempo oportuno um dialogo que deve ser amigo e esclarecedor;
Evitar acusações e desafios desnecessários;
Confortar e amparar pelo esclarecimento;
Não discutir com exaltação procurando impor seu ponto de vista;
Não receber a todos como se fossem embusteiros e agentes do mal;
Ser preciso e enérgico na hora necessária sem se tornar cruel e agressivo;
Evitar o tom discursivo que constrange o Espírito Comunicante e também as longas preleções;
Ser claro, objetivo, honesto, amigo, fraternal, procurando dar ao comunicante o que gostaria de receber se no lugar dele estivesse.
Como vemos, um doutrinador deve, além do conhecimento doutrinário sobre Espiritismo, reunir condições de natureza espiritual favorecedoras do bom desempenho de sua tarefa.

Há de possuir autoridade moral suficiente para que suas doutrinações com vistas aos despertamento espiritual do comunicante não acabem em verdadeiras acusações contra si mesmo.

De uma forma genérica, pois, podemos resumir os métodos utilizáveis na doutrinação como:

1.ª - O da conversação;

2.ª - O da doutrinação propriamente dita;

3.ª - O da persuasão que pode até incluir técnicas avançadas de sugestão;

4.ª - O da prece como elemento condicionante de uma modificação vibratória.

Assim sendo, observamos que para doutrinar é preciso conhecer a doutrina, e o doutrinador deve ser pessoa de conduta a mais cristã possível.


Ä Resultados:

Os resultados de uma doutrinação dependem do ambiente formado pelas vibrações do dirigente e dos participantes (encarnados e desencarnados); da condição moral que o dirigente apresenta para orientar os Espíritos; e da própria condição espiritual da entidade, aceitando ou não os conselhos e esclarecimentos que recebe. Dependem também dos métodos que são utilizados, o quais devem ser aplicados de acordo com a circunstancia e a necessidade do momento.

A doutrinação dos Espíritos objetiva, inicialmente, o esclarecimento da entidade comunicante quanto ao seu estado transitório de perturbação, as causas de seus sofrimentos e a forma pela qual poderão encontrar a solução para seus problemas.

Exercita-se com a doutrinação a prática da caridade, uma vez que o doutrinador, bem como os demais componentes da reunião, são convocados a vibrarem amorosamente em favor do necessitado, demonstrando solidariedade com o sofrimento alheio, emitindo pensamentos de auxilio e apoio moral.

Os resultados, dessa forma, são duplos, pois o doutrinador e os componentes da reunião, médiuns de incorporação, passistas, etc., agem desenvolvendo as virtudes cristãs, por um lado e, por outro, a entidade ganha nova condição espiritual depois de esclarecida e ter aceitado o novo caminho de realizações.

Assim, o Espírito apresenta modificações no seu modo de agir; se empedernido, mostra-se tocado e sensível aos ensinamentos cristãos, buscando uma nova forma de encarar a vida; se revoltado, mostra-se submisso à Lei Suprema, que não injustiça ninguém; se odioso, observa as conseqüências em si mesmo de sua semeadura infeliz e procura dominar seus maus sentimentos; se desesperada nota agora nova possibilidades de alcançar a paz através da esperança e do trabalho contínuo.

A doutrinação abre para os desencarnados um painel de luz e esperança onde novos roteiros de realizações espirituais se descortinam, com trabalho, amor e felicidade.

ÄBibliografia: (LM cap. XX item 2 (Temas da vida e da Morte – pág. 115 Manoel Philomena de Miranda). Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, "Pão Nosso", Cap. 177. (25. ª Sessão de Exercício Pratico da Apostila nº 09 do Coem). Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, "Caminho, Verdade e Vida, Cap. 145. (26. ª Sessão de Exercício Prático da Apostila nº 09 do Coem)". Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, "O Consolador" questão 378. (27. ª Sessão de Exercício Prático da Apostila nº 09 do Coem).

PERIGOS E PERDAS DA MEDIUNIDADE II

Introdução:

“O Livro dos Espíritos” – Pág. 233. FEB, 27ª edição.
Salvo algumas exceções, o médium exprime o pensamento dos Espíritos pelos meios mecânicos que lhes estão à disposição e a expressão desse pensamento pode e deve mesmo, as mais das vezes, ressentir-se da imperfeição de tais meios.
“O Livro dos Médiuns” Pág. 299. FEB, 26ª edição.
A mediunidade não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade.
“O Evangelho Seg. o Espiritismo” – Pág. 311. FEB, 48ª edição.

Por toda à parte, a vida e o movimento: nenhum canto do Infinito despovoado, nenhuma região que não seja incessantemente percorrida por legiões inumeráveis de Espíritos radiantes, invisíveis aos sentidos grosseiros dos encarnados, mas cuja vista deslumbra de alegria e admiração as almas libertas da matéria.
“O Céu e o Inferno” – Pág. 34. FEB, 18ª edição.

São extremamente variados os efeitos da ação fluídica sobre os doentes, de acordo com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolongado, como no magnetismo ordinário; doutras vezes é rápida, como uma corrente elétrica.
“A Gênese” – Pág. 279. FEB, 13ª edição.


ÄFormas de Obsessão:

Partindo do conceito que obsessão é o constrangimento exercido pelos Espíritos inferiores sobre a vontade dos encarnados, influenciando-os maleficamente, podemos figurar o fenômeno obsessivo em inúmeras situações, algumas tão sutis e inaparentes que somente depois de muito tempo é que são evidenciadas.

Para facilidade do aprendizado a obsessão pode ser estudada sob três variedades, que apresentam características próprias.

1ª. – Obsessão Simples: O Espírito inferior procura, através da sua tenacidade, da sua persistência, intrometer-se na vida do obsidiado, dando-lhe as mais estranhas sugestões, que no mais das vezes contrariam a forma habitual de proceder e pensar da vitima. Esta, com um pouco de critério e auto análise, facilmente identifica que está sob a influencia de um espírito inferior, e cuidando-se devidamente, comportando-se cristãmente, não lhe oferecerá campo mental favorável à sua ação. Procurando viver em clima de elevação, através de boas leituras, de preces, de convívio com pessoas honestas e serias, em ambientes em que se dedicam a pratica do bem, estará pautando a sua vida de acordo com os ditames do Cristo, livrando-se da ação do obsessor.

2ª. – Fascinação: É a forma mais difícil de ser tratada, porque o obsidiado se nega a receber orientação e tratamento, posto que julga não estar sob influencia obsessiva, e até, às vezes, acredita que todos os demais é que se encontram obsediados, enquanto ele é o único certo.

Nesta variedade, nota-se que o obsessor se insinua a principio discretamente e vai ganhando terreno, enraizando-se pouco a pouco até se instalar definitivamente, aceito que é pelo obsidiado, formando um verdadeiro fenômeno de simbiose psíquica. Geralmente o médium acredita-se estar sendo guiado por uma entidade espiritual de alto gabarito, pois que usa nome de personagens famosos ou de Espíritos de escol. Não usando o critério da auto análise, que no caso inexistente, a pessoa se torna extremamente crédula em tudo o que vem por seu intermédio acreditando-se missionária, e a qualquer objeção ou critica construtiva que se faça sobre o teor das comunicações, suscetibiliza-se, magoa-se e afasta-se das pessoas que a podem esclarecer.

3ª. Subjugação: É o fenômeno de uma criatura encarnada estar sob domínio completo e total de uma entidade desencarnada. É de fácil diagnostico, porém, para a cura desse tipo de obsessão há a necessidade da melhora moral do médium e que o Espírito obsessor seja levado a arrepender-se do mal que está praticando, através de doutrinação feitas por quem tenha superioridade moral.

Não se julgue que nessa variedade o Espírito obsessor tome lugar no corpo do obsidiado; há sim uma supremacia da sua vontade, dominando completamente a do médium. A pessoa nesse estado realiza coisas que no estado normal não realizaria, diz e faz aquilo que não é de seu costume habitual.


ÄCombate à Obsessão:

O tratamento da obsessão, de uma forma geral, não prescinde do interesse do obsidiado ou de pessoas a ele ligadas. Isto equivale dizer que há necessidade do próprio interessado ou das pessoas que o rodeiam, buscar efetivamente os meios e recursos necessários a debelação do mal. Como o processo sempre tem raízes espirituais, um dos primeiros cuidados é no sentido de que haja um entendimento sobre o que está ocorrendo para que medidas acauteladoras e certas sejam tomadas.

O tratamento deve ser feito por um grupo de médiuns e nunca por um, isoladamente, e o recinto de preferência deve ser o de um Centro Espírita, ou outro local especializado, como por exemplo, o de um Sanatório Espírita.

A reunião, para tratamento desses casos, também deve guardar características de especialidade, a fim de que os esforços e o trabalho em comum sejam orientados tão somente em um só sentido.

A pratica de leituras sadias, instrutivas, moralizantes; a freqüência a reuniões de esclarecimento doutrinário; o tratamento através de passes; as realizações freqüentes de preces e de meditação sobre assuntos de interesses espirituais são recursos necessários a serem movimentados pelo interessado e pelos elementos a ele ligados.

O ambiente do lar do obsidiado deve receber uma atenção especial. Os familiares devem fazer tudo que estiver ao alcance para tornarem-no favorável à recuperação. O Culto do Evangelho no Lar é uma prática indispensável, porque propicia ao recinto doméstico o enriquecimento de elementos fluídicos e a sintonia das almas em torno dos sagrados ensinos do Mestre Jesus.

Como o processo obsessivo quase sempre tem raízes profundas, as melhoras são muito relativas em termo de nosso tempo. Algumas vezes, não notando sinais externos de melhora, devido à pressa, achando que tudo deve ser feito rapidamente, abandonam o tratamento, caindo na descrença ou procuram outros recursos que julgam ser mais eficiente e rápidos. A perseverança é necessária para seguir com paciência o tratamento e a certeza de que a Bondade Divina atende a todos mediante o merecimento de cada um.

Além do passe e do esclarecimento do obsidiado, um dos recursos heróicos no combate à obsessão é a chamada sessão de desobsessão. Um grupo de médiuns seguros, sob a tutela de um orientador que possua autoridade moral para dirigir-se aos Espíritos obsessores, conhecedor do assunto, com facilidade para a doutrinação e que use sempre de bondade, age procurando orientar, ensinar, esclarecer o obsessor quanto aos males que está praticando.

Reconhecendo que a vítima de hoje foi o verdugo de ontem e que a lei do perdão liberta o que perdoa, mas não livra o algoz do pagamento de suas dividas, compreendemos que a Lei é sábia e justa.

Nessas reuniões, que devem ser feitas com um extremo critério de preparo moral e doutrinário por parte de todos, o obsidiado não deve estar presente, ficando em sua casa em preces leituras ou meditação para auxiliar o trabalho.

Convertido o obsessor, o ex-obsidiado deve ser esclarecido quanto a necessidade de modificação dos seus padrões de vida, mormente no que diz respeito à vida moral, a fim de não cair em nova obsessão.

Somente a persistência no bem possibilita que nos livremos dos maus.



ÄResumo:

O Espírito apresenta uma vibração espiritual inerente ao seu estado de adiantamento moral e aos sentimentos que apresenta no momento.

Cada um vibra na faixa que lhe é peculiar, transmitindo nessa vibração suas características e seu estado.

Os Espíritos reconhecem os estado de outros Espíritos, quer encarnados, quer desencarnados, pela “qualidade” de seu estado vibratório.

Existe no mundo espiritual um principio ou lei, que é a lei de afinidade ou de sintonia vibratória. Por esse principio, semelhante atrai semelhante, ou seja, vibrações semelhantes interagem e se influenciam mutuamente.

Isso pode ser entendido pelo exemplo clássico de misturar-se água e azeite, que por “vibrarem” de forma diferente, naturalmente se separam.

Os Espíritos interagem pelo pensamento, pela vontade, podendo influenciar a outro através da sua vontade, desde que esse outro Espírito “vibre” em faixa semelhante ou próxima a sua.

É preciso haver “sintonia” entre os Espíritos, tal coma a sintonia de uma estação de radio, havendo o ajustamento do “receptor” com o “transmissor”, existe possibilidade de influenciação mútua.

Isso é valido para todas as vibrações energéticas e fluídicas que existem no universo, existindo sintonia, existe influenciação, que pode ser positiva ou negativa.

Por exemplo, na prece, sincera e com fé, emitimos uma vibração energética elevada, que nos propicia a sintonia com energias semelhantes, nos trazendo retorno dessa interação de maneira muito positiva.

Já o ódio, por exemplo, emite energias de baixo nível, nos colocando em ressonância com energias semelhantes, o que nos traz em retorno energias negativas e deletérias.

Assim sendo, como o Universo esta cheio de vibrações, pensamentos e energias de todos os tipos, estamos constantemente em sintonia com essas, de acordo com o nosso campo mental, recebendo os efeitos conseqüentes.

Por isso a necessidade de vigilância constante sobre nossos padrões mentais.

Temos que nos lembrar que existem Espíritos bons e ruins, assim como as pessoas aqui na Terra, e que as amizades e as inimizades prosseguem após a morte do corpo físico, com gradações entre o amor mais sublime e o ódio intenso.

Muitas vezes o ódio entre dois Espíritos prossegue após a morte do corpo físico, prosseguindo mesmo quando um volta à matéria através da reencarnação.

Nesse caso, o que permanece no plano espiritual pode tentar se vingar do que está na matéria, tentando influenciá-lo e perturbar sua vida.

No entanto, só conseguirá seu intento se o que está encarnado vibrar no mesmo “nível” do que está desencarnado. Se isso ocorrer, o Espírito poderá influenciar de diversas formas o que está encarnado, especialmente se tiver ascendência moral sobre este.

Esse processo é chamado de obsessão, ou seja, a influenciação maligna de um Espírito sobre outro, normalmente encarnado.

Para que o processo obsessivo se estabeleça, é necessário que aquele que é influenciado, ou seja, o obsedado, permite que a influenciação ocorra, ou seja, nada faz para sair daquele patamar vibratório que o coloca a mercê do obsessor.

É preciso lembrar que todos nós eventualmente, em um momento ou outro de nossa vida, nos colocamos ao alcance de Espíritos inferiores e somos influenciados negativamente. No entanto, ao sentirmos as influencias negativa, devemos procurar imediatamente a elevação de nosso padrão mental, pela elevação de pensamentos, pelas atitudes dignas, pela prece e principalmente pela pratica do bem e da caridade.

Outra forma de ocorrer processo obsessivo, além daquele da vingança entre Espíritos compromissados entre si, é o pela simples maldade de alguns Espíritos, que pelo desejo de fazer o mal, ao encontrarem pessoas vibrando descuidadamente em padrão ao seu alcance, passam a influenciá-las negativamente.

E por esse motivo não devemos deixar a nossa “porta” aberta, mantendo constante vigilância sobre nossas atitudes e buscando perceber quando estamos sendo influenciados, combatendo imediatamente essa influenciação pela elevação de nosso padrão vibratório.

Em casos mais graves, o domínio do Espírito sobre o encarnado se torna tão grave e tão completo, que pode levar o encarnado a atitudes tais como o suicídio ou a perda completa da vontade, até mesmo sobre o próprio corpo.

Nos casos mais graves de obsessão, o obsedado já não consegue se livrar sozinho do processo, necessitando ajuda externa especializada.

Existem trabalhos específicos para tratamento de obsessão nas Casas Espíritas bem orientadas, onde obsessor e obsedado necessitam ser tratados através de um processo dialético, já que as causas são de origem “inteligente”, ou seja, situa-se no campo mental/intelectual e não no orgânico/perispiritual, que apenas lhe sofre os efeitos.

Trabalha-se com o obsessor no sentido de fazê-lo entender que a vingança ou o desejo de fazer o mal não levará a local algum e nenhum beneficio lhe trará, muito pelo contrario. É um trabalho de paciência, convencimento e caridade, realizada através do dialogo.

Também é necessário trabalhar com o obsedado, através do fortalecimento energético (passes e irradiações) e do fortalecimento moral, para que mude o seu padrão vibratório e saia da faixa de alcance dos Espíritos inferiores.

O fortalecimento moral deve ser conseguido com o auxilio indispensável da família, com seu apoio e compreensão amorosa, pelo estabelecimento da oração, da pratica da caridade dentro e fora de casa, bem como pela vigilância constante de pensamentos e atitudes.

Em casos mais graves, poderá até ser necessário o auxilio medico especializado, pois a parte física e psíquica pode estar profundamente afetada.

É preciso lembrar que no progresso obsessivo não existe “vitima” nem “agressor”, mas sim Espíritos compromissados entre si, num processo de desajuste espiritual.

Quando o obsidiado recusa-se a cooperar na própria cura.

O maior responsável pela continuidade do processo obsessivo, neste caso é o próprio obsidiado.

Recursos Espíritas para o tratamento do Obsidiado:


Oração constante;
Conversa edificante;
O Passe e o trabalho com Jesus;
Tratamento de fluidoterapia
Esclarecimento ao obsidiado e ao obsessor;
Orientação à família do obsidiado;
Culto do Evangelho no Lar.



Bibliografia: “O Livro dos Espíritos” – Pág. 233. FEB, 27ª edição.
“O Livro dos Médiuns” Pág. 299. FEB, 26ª edição. “O Evangelho Seg. o Espiritismo” – Pág. 311. FEB, 48ª edição. “O Céu e o Inferno” – Pág. 34. FEB, 18ª edição. “A Gênese” – Pág. 279. FEB, 13ª edição. : Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, “O Consolador”, Questões 381 e 393 a 396; Martins Peralva, “Estudando a Mediunidade”, Cap. II. Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, “Encontro Marcado, Cap. 56; idem” Pão Nosso “, Cap. 175”.
Apostilas do Coem.

PERIGOS E PERDAS DA MEDIUNIDADE

Introdução:

Espiritismo e Mediunidade – Extraído do Livro “Estudando a Mediunidade” de Martins Peralva Cap. II pág. 17 a 19.

Que devemos buscar na Mediunidade?
Como devemos considerar os Médiuns?
Que nos podem oferecer o Espiritismo e o Mediunismo?

Essas três singelas perguntas constituem o esboço do presente capitulo.

Em que pese ao extraordinário progresso do Espiritismo, neste seu primeiro século de existência codificada, qualquer observador notará que os seus variegados ângulos ainda não foram integralmente apreendidos, inclusive por companheiros a ele já filiados.

Muitas criaturas, almas generosas e simples, ainda não sabem o que devem e podem buscar na mediunidade.
Outras guardam um conceito errôneo e perigoso, com relação aos médiuns, situando-os, indevidamente, na posição de santos ou iluminados.

Em resumo, ainda não sabemos, evidentemente, o que o Espiritismo e a pratica mediúnica nos podem oferecer.

Há quem deseje, irrefletidamente, buscar nos serviços de intercambio entre os dois planos a satisfação de seus interesses imediatistas, relacionados com a vida terrena, como existem os que, endeusando os médiuns, ameaçam-lhes a estabilidade espiritual, com sérios riscos para o Homem e para a Causa.

O Espiritismo não responde por isso.
Nem os Espíritos Superiores.
Nem os Espíritos mais esclarecidos.

Allan Kardec foi, no dizer de Flammarion, “o bom senso encarnado”. O Espiritismo, cuja codificação no plano físico coube ao sábio francês, teria de ser, também, a Doutrina do bom senso e da lógica, do equilíbrio e da sensatez.

Ele permanecerá como imponente marco de luz, por muitos séculos, aclarando o entendimento de quantos lhe busquem por manancial de esclarecimento e consolação.

Ao invés de cogitar apenas dos problemas materiais, para cuja solução existem, no mundo, numerosas instituições especializadas, cogita o Espiritismo de fixar o roteiro de nosso reajustamento para a Vida Superior.
Reajustamento assim especificado:

a) – Moral
b) – Espiritual
c) – Intelectual

E, na definição de André Luiz, “revelação divina para renovação fundamental dos homens”.
Quem se alista nas fileiras do Espiritismo é compelido, naturalmente, a iniciar o processo de sua própria transformação moral.
Não quer mais ser violento ou grosseiro, maledicente ou ingrato, leviano ou infiel.

Deseja, embora tateante, em vista das solicitações inferiores que decorrem, inevitavelmente, do nosso aprisionamento às formas primitivistas evolucionais, subir, devagarzinho, os penosos degraus do aperfeiçoamento espiritual, integrando-se, para isso, no trabalho em favor de si mesmo e dos outros.

O Espírito esclarecido considerará o médium como um companheiro comum, portador das mesmas responsabilidades e fraquezas que igualmente nos afligem.
Alma humana, falível e pecadora, necessitada de compreensão.
Não o tomará por adivinho, oráculo ou revelador de noticias inadequadas.

Assim sendo, ajudá-lo-á no desempenho dos seus deveres, evitando o elogio que inutiliza as mais belas florações mediúnicas, para estimula-lo e ampara-lo com a palavra amiga e sincera.

Todo Espírita ganharia muito se lesse, meditando, o capitulo História de um Médium, do Livro “Novas Mensagens”, do Espírito Humberto de Campos.

Como descansaria os médiuns do assedio impiedoso que lhes movem alguns companheiros, deixando-os assim, livres e desimpedidos para a realização de suas nobres tarefas?

O Espiritismo sincero irá compreendendo, pouco a pouco, que o Espiritismo e o Mediunismo lhe podem oferecer ensejo para o sublime “reencontro com o pensamento puro do Cristo, auxiliando-nos a compreensão para mais amplo discernimento da verdade”.

E, através dessa compreensão, saberá reverenciar “O Espiritismo e a Mediunidade como dois altares vivos no templo da fé, através dos quais contemplaremos, de mais alto, a esfera das cogitações pròpriamente terrestres, compreendendo, por fim, que a gloria reservada ao espírito humano é sublime e infinita, no Reino Divino do Universo”.

Com esta superior noção das finalidades da Doutrina Espírita, não mais se fará ouvir, proferidas por companheiros nossos, as três perguntas com que abrimos o presente capitulo:
Que devemos buscar na mediunidade?
Como devemos considerar os médiuns?
Que nos podem oferecer o Espiritismo e o Mediunismo?


Ä Perigos e Perda da Mediunidade – Conceitos Gerais.

Um dos perigos reais da mediunidade é a obsessão.

Como obsessão entende-se todo e qualquer constrangimento que os Espíritos inferiores determinam sobre o médium dominando a sua vontade.

Todos os que possuem faculdade mediúnica, sem exceção, estão sujeitos a obsessão, devendo, no entanto, resistir a influenciação negativa dos Espíritos voltados ao mal.

Geralmente, nos médiuns em desenvolvimento, a obsessão começa sob a forma simples, usando os obsessores de vários artifícios para conseguirem o seu intento. Pode evoluir para a fascinação quando o médium acha que é assistido por Espíritos Superiores, que na verdade não passam de mistificadores, que sabem explorar sua vaidade, lisonjeando suas faculdades e colocando-o como um “missionário” com importante papel no mundo.

A evolução pode seguir seu curso normal chegando o médium ao estagio da subjugação quando o obsessor domina completamente, tanto sua inteligência quanto sua vontade.

Pelo fato do médium possuir a capacidade de se exteriorizar perispiriticamente, mais acessível se torna à ação dos Espíritos do que as pessoas comuns. Os Espíritos agem sobre o médium através dos pensamentos, envolvendo-0 com os seus fluidos que o embaraçam. É um verdadeiro processo de enredamento fluídico.

A presença física do obsessor nem sempre é verificada, porém a sua ação é notada pelos resultados de sua influencia sobre a mente do médium que está sujeito. À distancia, por um fenômeno telepático, pode o obsessor acionar os mecanismos que deseja como um operador de rádio. É lógico que para isso acontecer, devem os dois, médium e obsessor, estar vinculados pelo passado ou por se encontrarem na mesma faixa vibratória, que os identifica.

A renovação espiritual do médium é fator preponderante na solução do problema.

Quando não existe outro meio efetivo, o médium pode ter suspensa a sua faculdade mediúnica, com vistas a se furtar, pelo menos em parte, da ação perniciosa dos obsessores, e para que, também, com a sua faculdade exercitada em regime de perturbação, não venha a iludir e desencaminhar outras criaturas inexperientes que estão em busca de consolo e orientação.

A retirada da faculdade mediúnica deve ser considerada um sinal benéfico e até mesmo uma caridade proporcionada pelos mentores. Poderá ser temporária ou definitiva, dependendo da recuperação moral do médium e da sua disposição de bem cumprir sua tarefa.

“Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mal servo torna-se indigno de confiança do Senhor da seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem os insultos do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferiores, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos”. (O Consolador – Questão 389).

Ä E como se reconhece a obsessão?

“Reconhece-se à obsessão pelas seguintes características”:

1ª. – Persistência de um Espírito em se comunicar, bom ou mal grado, pela escrita, pela audição, pela tiptologia, etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam;

2ª. – Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe;

3ª. – Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas ou absurdas;

4ª. – Confiança do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se comunicam;

5ª. - Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis;

6ª. – Tomar a mal a critica das comunicações que recebe;

7ª. – Necessidade incessante e inoportuna de escrever;

8ª. – Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou falar a seu mau grado.

9ª. – Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa ou o objeto “. (O Livro dos Médiuns – Cap. XXIII nº 243)”.

Ä Mediunidade - Conceito:
Lamartine Palhano Jr. em seu “Dicionário de Filosofia Espírita”, conceitua mediunidade como sendo uma faculdade inerente ao homem que permite a ele a percepção, em um grau qualquer, da influência dos Espíritos. Não constitui privilégio exclusivo de uma ou outra pessoa, pois, sendo uma possibilidade orgânica, depende de um organismo mais ou menos sensitivo.

Ä Mediunismo:
Alexander Aksakof, em 1.890, empregou o termo mediunismo para designar o uso das faculdades mediúnicas. A prática do mediunismo não significa que haja prática de Espiritismo propriamente dito, visto que a mediunidade não é propriedade do Espiritismo.

(veja ao final, pequena biografia de Alexander Aksakof).

Ä Mediunato:
Missão mediúnica da qual está investido um médium. Esta expressão foi criada pelos próprios Espíritos: “Deus me encarregou de desempenhar uma missão junto aos crentes a quem ele favorece com o mediunato” - Joana d’Arc (Capítulo XXXI, comunicação XII, em “O Livro dos Médiuns” de Allan Kardec).

Ä Médium:
(Do latim: medium = meio; intermediário; medianeiro). Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens; aquele que em um grau qualquer sente a influência dos Espíritos de modo ostensivo.

Como já foi mencionado, todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos, é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, privilégio exclusivo, donde se segue que poucos são os que não possuem um rudimento dessa faculdade. Pode-se, pois, dizer que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em que a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva.

Ä A Predisposição Mediúnica:
A predisposição mediúnica independe do sexo, da idade e do temperamento, bem como da condição social, da raça, da cultura, da religião, da inteligência e até mesmo das qualidades morais. Todavia, quanto mais elevado for moralmente o médium, melhor instrumento este se tornará à Espiritualidade.

Ä O Desenvolvimento da Faculdade Mediúnica:
O desenvolvimento da faculdade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos Espíritos; depende, portanto, do organismo e pode ser desenvolvida quando exista o princípio; não podendo, conseqüentemente, quando o princípio não existe.

As relações entre os Espíritos e os médiuns se estabelecem por meio dos respectivos perispíritos, dependendo a facilidade dessas relações do grau de afinidade existente entre os dois fluidos. Alguns há que se combinam facilmente, enquanto outros se repelem, donde se segue que não basta ser médium para que uma pessoa se comunique indistintamente com todos os Espíritos.

Combinando os fluidos perispiríticos os Espíritos não só transmitem aos médiuns seus pensamentos, como também chegam a exercer sobre eles uma influência física, fazem-nos agir e falar à sua vontade. Todavia, a elevação moral do médium e seu controle sobre a faculdade que possuí impedirá que os Espíritos inferiorizados se adornem da sua faculdade e paralisem-lhe o livre arbítrio.

Podem os espíritos manifestar-se de uma infinidade de maneiras, mas não o podem senão com a condição de achar uma pessoa apta a receber e transmitir impressões deste ou daquele gênero, segundo as aptidões que possua. Da diversidade de aptidões decorre que há diferentes espécies de médiuns.

Bibliografia: Apostila do Coem nº 08 22ª. Sessão de Exercício Prático. Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, “Encontro Marcado”, Cap. 33; idem, “O Consolador”, Questão 389. Espiritismo e Mediunidade – Extraído do Livro “Estudando a Mediunidade” de Martins Peralva Cap. II pág. 17 a 19.”Livro dos Médiuns”.

ESPIRITOS MISTIFICADORES

Os Mistificadores:

Um dos maiores obstáculos para a divulgação e aceitação do Espiritismo é a mistificação, que é o ato de uma entidade se comunicar pela escrita ou pela palavra enganando os presentes quanto à sua identidade e à sua posição espiritual.

Precisamos distinguir animismo de mistificação, que são dois fenômenos completamente diferentes.

Animismo é o fenômeno produzido pela própria alma do médium, e desde que espontâneo, é sempre válido. Difere da mistificação que pressupõem engodo, engano, dolo, mentira, e pode ser produzida por espíritos desencarnados, bem como, também, pelo próprio médium, consciente ou inconsciente.

Na mistificação sempre existe o desejo de enganar, trapacear, dar característas de verdade ao que é falso.

Há algum meio seguro de reconhecer e evitar a mistificação?

Sem duvida, e todos eles estão fartos e minuciosamente expostos no item nº 268, de “O Livro dos Médiuns”, a que iremos nos reportar.

“Muitos Espíritos protetores se designam pelos nomes de santos, ou de personagens conhecidas... nem todos os nomes de santos e de personagens conhecidas bastariam para fornecer um protetor a cada homem. Entre os Espíritos, poucos há que tenham nome conhecido na Terra. Por isso é que, as mais das vezes, eles nenhum nome declinam. Vós, porém, quase sempre quereis um nome; então, para vos satisfazer, o Espírito toma o de um homem que conhecestes e a quem conhecestes e a quem respeitais”.

“O uso desse nome não pode ser considerado uma fraude?”.

“Seria uma fraude da parte de um Espírito mau, que quisesse enganar; mas, quando é para o bem, Deus permite que assim procedam os Espíritos da mesma categoria, porque há entre eles solidariedade e analogia de pensamentos.

“Acresce que, quanto mais elevado é um Espírito, tanto mais dilatada é a sua irradiação. Segue-se, portanto, que um Espírito protetor de ordem muito elevado pode ter sob a sua tutela centenas de encarnados”.

“... Se, porém o Espírito evocado não pode vir, o que se apresenta é forçosamente um mandatário... Os Espíritos Superiores sabem a quem confiam o encargo de os substituir. Além disso, quanto mais elevados são os Espíritos, mais se confundem pela comunhão dos pensamentos, de tal sorte que, para eles, a personalidade é coisa indiferente, como o deve ser também para vós”.

“Julgais, então, que no mundo dos Espíritos Superiores não haja senão os que conhecestes na Terra, como capazes de vos instruírem?”.

“... mas, como permitem os Espíritos Superiores que outros, de baixo estalão, adotem nomes respeitáveis para induzirem os homens em erro, por meio de máximas não raro perversas?”.

“Não é com a permissão dos primeiros que estes o fazem. O mesmo não se dá entre vós? Os que desse modo enganam os homens serão punidos, ficai certos, e a punição deles será proporcionada à gravidade da impostura. Ao demais, se não fosseis imperfeitos, não teríeis em torno de vós senão bons Espíritos; se sois enganados, só de vós mesmos vos deveis queixar. Deus permite que assim aconteça, para experimentar a vossa perseverança e o vosso discernimento e para vos ensinar a distinguir a verdade do erro. Se não o fazeis, é que não estais bastante elevados e precisais das lições da experiência.

No que diz respeito à simpatia que porventura os Espíritos possam nutrir pelos encarnados vejamos o que é que eles nos ensinam:

“... Também é preciso saibais que há pessoas pelas quais os Espíritos Superiores se interessam mais do que outras e, quando eles julgam conveniente, as preservam dos ataques da mentira. Contra essas pessoas os Espíritos enganadores nada podem... Os bons Espíritos se interessam pelos que usam criteriosamente da faculdade de discernir e trabalham seriamente por melhorar-se. Dão a esses suas preferências e os secundam; poucos porem, se incomodam com aqueles junto dos quais perdem o tempo em belas palavras”.

E quanto aos caracteres e sinais que possam usar para sua identidade, vejamos a palavra serena e equilibrada dos Espíritos:

“Os Espíritos Superiores nenhum outro sinal têm para se fazerem reconhecer além da superioridade das suas idéias e de sua linguagem. Qualquer Espírito pode imitar um sinal material. Quanto aos Espíritos inferiores, esses se traem de tantos modos, que fora preciso ser cego para deixar-se iludir... Os Espíritos só enganam os que se deixam enganar...”.

“Há pessoas que se deixam seduzir por uma linguagem enfática, que apreciam mais as palavras do que as idéias, que mesmo tomam idéias falsas e vulgares, por sublimes. Como podem essas pessoas, que não estão aptas a julgar as obras dos homens, julgar as dos Espíritos?”

“Quando essas pessoas são bastante modestas para reconhecer a sua incapacidade não se fiam de si mesmas; quando por orgulho se julgam mais capazes do que o são, trazem consigo a pena da vaidade tola que alimentam. Os Espíritos enganadores sabem perfeitamente a quem se dirigem. Há pessoas simples e pouco instruídas mais difíceis de enganar do que outras, que têm finura e saber. Lisonjeando-lhes as paixões, fazem eles do homem o que querem”.

No que diz respeito à identificação dos Espíritos que se comunicam nas chamadas sessões de doutrinação, o que se deve interessar é o problema da entidade em si, o seu esclarecimento, a sua consolação. (Apostila do Coem nº 07 – 20ª. Sessão de Exercício Prático). (Allan kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª. Parte – Cap. XXIV; Emmanuel psicografia de Francisco Cândido Xavier, O Consolador, perg. 379 e 401).

ÄNecessidade de Identificação.

Em se tratando de espíritos que vêm à sessão para serem orientados e consolados, para receberem o alivio da prece, não vemos necessidade alguma que levantemos seus dados biográficos.

Vivendo problemas angustiantes e estando confusos quanto à noção de tempo e espaço a que estavam condicionados na Terra, muitos deles são incapazes de informar, com segurança, quem realmente são. Todavia, quando espontaneamente eles se dignam fornecer alguns dados quanto à sua personalidade, para efeitos de estudo, sempre é interessante confirma-los, se houver essa possibilidade.

O médium iniciante não deve preocupar-se por não ter a mínima intuição a respeito da identidade do Espírito que através de si se comunica. Só com o tempo e o treinamento é que terá a capacidade de identificar perfeitamente as entidades comunicantes. Determinados detalhes podem levar a presumir-se que se trata desta ou daquela entidade. Porém, se é para atender a quem precisa, não vamos perder tempo fazendo inquirições sem fim, somente para satisfazer uma vã curiosidade. Lembremos que será falta de caridade obrigar o Espírito, que busca o socorro em nossas sessões, a revelar-se quando prefere permanecer no anonimato.

Quando se trata de uma entidade que procura dar orientações, o nome que usa é secundário e pouco deve influir quanto à aceitação ou não da mensagem, o conteúdo é o elemento primordial. Se se trata de uma personagem conhecida e famosa, mais cuidado ainda devemos ter porque, se ela espontaneamente dita o seu nome, deve dar dados que lhe sirvam de identificação.

Quando ocorre a comunicação por intermédio de um médium seguro e com a possibilidade de filtrar bem as características do espírito comunicante, pode haver um impacto na opinião geral e a atitude dos familiares vir comprovar que reconhecem a mensagem como verdadeira, como sendo de seu familiar desencarnado.

É o caso de Humberto de Campos, que após desencarnar, ditou obras através de Chico Xavier, dando sobejas demonstrações de sua identidade, e a família, enciumada, moveu um processo para que ela tivesse acesso aos direitos autorais dessas obras mediúnicas.

De toda polemica, o que ocorreu é que Humberto de Campos, o velho Conselheiro XX, passou a usar o pseudônimo que o anonimatizou: Irmão X.

Alias, os espíritos elevados quase sempre se valem desse recurso numa demonstração que para eles o nome pouca importância tem.

ÄBibliografia: Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Pão Nosso, Cap. 134; Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, item 268.
Apostila do Coem nº 07 – 20ª. Sessão de Exercício Prático. Allan kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª. Parte – Cap. XXIV; Emmanuel psicografia de Francisco Cândido Xavier, O Consolador, perg. 379 e 401.

IDENTIDADE DOS ESPIRITOS

Introdução: Possibilidades de Identificação.

De acordo com o Livro dos Médiuns de Allan Kardec – Cap. XXIV, a identificação dos Espíritos é uma das grandes dificuldades do Espiritismo, uma vez que entre eles encontramos todos os defeitos da humanidade, incluindo-se a astúcia e a mentira, que utilizam ao se apresentarem sob nomes respeitáveis para inspirarem maior confiabilidade. Esta a razão porque não podemos acreditar na autenticidade de todas as assinaturas.

A identidade dos Espíritos é, com freqüência impossível de se comprovar, especialmente quando se trata de Espíritos antigos em relação a nós.

Quanto aos Espíritos superiores e os Espíritos puros seus caracteres distintivos se apagam gradativamente na uniformidade da perfeição, podendo estes; para fixar nossas idéias, apresentam-se com o nome de um Espírito conhecido que pertença à mesma categoria evolutiva.

Nesse caso, a questão da identidade passa a ser secundaria, pois o que importa é a natureza do ensinamento, se é bom ou mau, digno ou não do personagem do qual leva o nome.

A identidade é mais fácil de se constatar, quando se trata de Espíritos contemporâneos dos quais se conhece os hábitos e o caráter. O Espíritos revela sua identidade por uma serie de circunstancias que ressaltam das comunicações, onde se refletem seus hábitos, seu caráter, sua linguagem e detalhes evidentes para as pessoas do convívio.

Para esclarecer, questões duvidosas o melhor critério e submeter às comunicações ao controle severo da razão, do bom senso e da lógica. A melhor de todas as provas de identidade esta na linguagem e nas circunstancias fortuitas, pois o ignorante jamais imitara o verdadeiro, pois em alguma parte de seu discurso sempre aparecerá seu verdadeiro caráter.

Estabelecer a identidade absoluta dos Espíritos em muitos casos, é uma questão secundaria e sem importância, mas não ocorre o mesmo com a distinção dos bons e maus Espíritos, pois sua individualidade pode nos ser indiferente, sua qualidade não o será jamais. A questão primordial é saber a que grau da escala espírita pertence o Espírito.

A linguagem dos Espíritos está sempre em razão de seu grau de elevação. Pelo pensamento e estilo identificaremos o caráter do comunicante. Os Espíritos superiores dizem sempre boas coisas que nos sejam úteis. A bondade e a benevolência refletem em sua linguagem.

Sòmente a inteligência, não atesta a superioridade de um Espírito, pois a moral nem sempre acompanha no mesmo ritmo. Sem hesitação devemos rejeitar o que contraria a lógica e a razão, devendo submeter sempre ao controle do mais severo bom-senso todas as comunicações recebidas.

Não há outro critério para discernir o valor dos Espíritos, senão o bom-senso, julgando-os pela sua linguagem e suas ações. Os bons Espíritos não podem dizer e fazer senão o bem; possui uma linguagem sempre digna, nobre, elevada, sem mistura de trivialidades.

Os bons Espíritos, só dizem aquilo que sabem e os levianos chegam a predizer o futuro, contendo datas fixadas, indicio de mistificação.

Os Espíritos superiores se expressam de forma simples e dizem muitas coisas com poucas palavras, jamais ordenam ou impõem, apenas aconselham.

ÄIdentificação dos Espíritos pelas Sensações.

No item 164 do Livro dos Médiuns – Cap. XIV encontramos sob a designação de médiuns sensitivos, aqueles suscetíveis de perceber a presença dos Espíritos por uma vaga impressão.

Esse tipo de mediunidade não tem um caráter bem definido, é uma faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de todas as outras. Essa faculdade se desenvolve pelo habito, e pode adquirir tal sutileza que aquele que dela está dotado reconhece, através da impressão que sente, não só a natureza boa ou má do Espírito que esta ao seu lado, mas também sua própria individualidade.

Através dessa sensibilidade mediúnica, os médiuns experimentam as sensações do estado no qual se encontra o Espírito que vem a ele. Quando o Espírito é feliz a sensação é de tranqüilidade, leveza e seriedade; quando ele é infeliz, transmite agitação e mal estar.

ÄIdentificação dos Espíritos pela Vidência.

Há médiuns que possuem essa faculdade de ver os Espíritos no seu estado normal, quando estão perfeitamente despertos; e outros apenas no estado sonambúlico. Essa faculdade raramente e permanente e é quase sempre, o efeito de uma crise momentânea e passageira.

O médium vidente acredita ver pelos olhos, como os dotados da 2ª vista, mas na realidade, é a alma que vê, e essa é a razão pela qual vêem tão bem com os olhos fechados, como com os olhos abertos. É preciso distinguir as aparições acidentais e espontâneas da faculdade de ver os Espíritos. As primeiras são fatos isolados que tem sempre um caráter individual e pessoal (parentes e amigos) e não constituem a faculdade propriamente dita.

Entre os médiuns videntes há os que só vêem os Espíritos evocados, descrevendo-os com exatidão e há outros que essa faculdade é mais geral, vêem toda a população Espírita ir e vir continuamente.

Essa mediunidade é rara e há muito para se desconfiar daqueles que pretendem desfrutar dessa faculdade por amor próprio ou por interesse.

Esse recurso de identificação dos Espíritos depende muito do grau de segurança e equilíbrio do médium (caráter, moralidade e sinceridade), devendo-se sempre verificar, analisar e comparar suas informações com outros recursos. É importante sua participação nos trabalhos mediúnicos devendo evitar transforma-lo em locutor do alem.

ÄIdentificação dos Espíritos pelo Conteúdo das Mensagens.

A melhor forma de identificação dos Espíritos comunicantes é através da analise das mensagens.

Os Espíritos que se revelam através dos médiuns, devem ser identificados por suas idéias e pela essência espiritual de suas palavras. É o critério da linguagem.

Os Espíritos superiores usam sempre uma linguagem digna, nobre, elevada, e sem trivialidades; se expressando com grande poder de síntese, simplicidade e modéstia.

Não podemos avaliar da qualidade do Espírito apenas pela forma material ou estilo, mas pelo conteúdo de sua mensagem. Os bons Espíritos só podem dizer e fazer o bem.

Os Espíritos imperfeitos, principalmente os mistificadores, procuram enganar, através do uso de palavras difíceis dentro de frases brilhantes, mas completamente destituídas de conteúdo útil.

Um Espírito pode apresentar-se com um nome respeitável e apresentar uma linguagem incompatível, ficando obvio que pretende enganar. Todo desvio da lógica, da razão e da sabedoria, não deixa duvidas de sua origem, qualquer que seja o nome apresentado.

Devemos submeter todas as comunicações a um exame escrupuloso, perscrutando e analisando o pensamento e as expressões, rejeitando sem hesitar tudo o que contraria a lógica e o bom senso. Com esse proceder os Espíritos enganadores se retiram, convencidos de que não podem nos iludir.

Bibliografia:

Cristianismo e Espiritismo – Leon Dennis – Nota complementar nº 12.
Fenômeno Espírita – Gabriel Delanne – 3ª parte.
Livro dos Médiuns – Allan Kardec – Cap. XXIV-XIV e Cap. X.
No Invisível – Leon Dennis – Cap. XXI.
O Consolador – Emmanuel – Questão – 379.
O Que é o Espiritismo – Allan Kardec – Questão – 93 a 99.
Apostila do Coem.

CONCENTRAÇÃO NOS TRABALHOS MEDIÚNICOS

Concentração:

Concentração é a arte de fixar a consciência numa idéia, numa imagem que se alonga em nossa área mental.

A concentração é um ato mental.
É a convergência de pensamentos para um determinado fim.
A convergência pressupõe a eliminação de todos os pensamentos que não sejam convenientes aos fins desejados.

Ä Relaxação:

A relaxação deverá ser completa: muscular e psíquica.

Durante a reunião, manter-se relaxado, respirar calmamente, tomar na cadeira uma posição cômoda, solta, evitando contrair os músculos, para facilitar um bem estar físico.

Ä Abstração:

A abstração quer dizer desligamento dos problemas outros que não digam respeito às finalidades da sessão; problemas domésticos, profissionais, particulares, etc.

A relaxação proporcionando um bem estar fisiológico e a abstração evitando tensões psíquicas, dão condições para que o indivíduo possa focalizar seu pensamento em objetivos elevados.

Ä Elevação:

Pensar no bem, no amor, na caridade, nas virtudes que exornam o caráter do verdadeiro cristão.
O resultado da reunião depende da concentração e da elevação com que é feita.

Ä Manutenção Vibratória:

Conseguida a concentração após um preparo adequado pôr parte de todos os componentes do grupo, é necessário manter-se o ambiente saturados de elementos fluídicos favorecedores do intercâmbio com o plano espiritual.

Mentalmente, envolver a todos em pensamentos agradáveis, desejando-lhes o melhor que se possa dar, como se a nossa mente estivesse emitindo forças e palavras de conforto e esclarecimento.

Ä Concentração nos trabalhos mediúnicos:

É importante frisar-se, que cada trabalho desenvolvido na Casa Espírita, vai exigir um nível diferente de concentração. Desta forma, um trabalho de irradiação, de passes, vai exigir um nível intermediário de concentração, ou seja, àquele necessário para fixar a pessoa que está presente ou à distância, vibrando pela mesma; já o trabalho mediúnico, em si, exigirá um nível mais elevado em termos de concentração, atingindo o seu ápice, nas comunicações, sejam elas psicofônicas ou psicográficas.

Através da concentração o médium conseguirá:
Alhear-se do mundo exterior, procurando o contato com o seu mundo íntimo, para que então possa haver a ligação com o plano espiritual;
Unir os planos mentais com os companheiros do grupo, para o atingimento dos objetivos;
Emitir vibrações.

ÄPsicografia – É a escrita sob a influência dos Espíritos. Os Espíritos escrevem, impulsionando a mão do médium, seja por uma forte intuição, por um controle parcial do centro motor e com ciência do médium ou por uma ação mecânica absoluta.

ÄPsicofonia – Fenômeno mediúnico que, associado ou não a outras modalidades da mediunidade, possibilita a um Espírito falar através do aparelho fonador do médium.

À generalidade destes dois últimos tipos de fenômenos intelectuais (psicografia e psicofonia) tem-se denominado vulgarmente de “Incorporação Mediúnica”. Ressalte-se, todavia, que não ocorre a “introdução” do Espírito no corpo do médium, mas, sim, uma associação de seus fluidos com os do médium, resultantes das faixas vibratórias em que se encontrem e que pela lei de sintonia e da assimilação se identificam formando um complexo - Emissor - (Espírito – desencarnado) e Receptor (médium).

ÄMédiuns Psicofônicos ou Falantes - É a faculdade que permite aos Espíritos, utilizando os órgãos vocais do encarnado, transmitirem a palavra audível a todos que presentes se encontrem.

É a faculdade mais freqüente em nosso movimento e possibilita o intercâmbio com o mundo extracorpóreo.

É através dela que os desencarnados narram, quando podem/desejam, os seus aflitivos problemas, recebendo dos orientadores, em nome da fraternidade cristã, a palavra do esclarecimento e da consolação.

O pensamento do Espírito antes de chegar ao cérebro físico do médium, passa pelo cérebro perispirítico, resultando disso a propriedade que tem o medianeiro, “em tese” de fazer ou não fazer o que a entidade pretende.

Também os Mentores Espirituais, Espíritos trabalhadores da grande Seara do Pai, utilizam esta possibilidade de intercâmbio para esclarecerem, orientarem, confirmando a continuidade do labor nas duas esferas da vida.

Obs: - Os médiuns falantes, de maneira geral são intuitivos ou conscientes, sendo o intérprete ou mensageiro. O estilo, o vocabulário, a construção das frases são suas, mas a idéia é do Espírito.

Os médiuns psicofônicos semiconscientes conservam o estilo e a idéia do Espírito que se comunica e nos, psicofônicos inconscientes, geralmente se exprime sem ter consciência do que diz e muitas vezes diz coisas completamente estranhas às suas idéias habituais, aos seus conhecimentos e, até, fora do alcance de sua inteligência. Embora se ache perfeitamente acordado e em estado normal, raramente guarda lembrança do que diz.

Os médiuns psicógrafos podem ser classificados em:

a) Médiuns Mecânicos – O Espírito atua diretamente sobre a mão do médium, impulsionando-a. O que caracteriza este gênero de mediunidade é a inconsciência absoluta, por parte do médium, do que sua mão escreve. Ela se move sem interrupção, enquanto o Espírito tem alguma coisa que dizer, e para, assim que ele acaba. Neste tipo de mensagem, a escrita vem antes do pensamento.

b) Médiuns Intuitivos – Neste caso, o Espírito não atua sobre a mão para movê-la, mas, atua sobre a alma do médium, identificando-se com ela e imprimindo-lhe sua vontade e suas idéias. A alma recebe o pensamento do Espírito comunicante e o transcreve. Nesta situação, o médium escreve voluntariamente e tem consciência do que escreve, embora não grafe seus próprios pensamentos. Podemos dizer, que nestes casos, o pensamento vem antes da escrita.

C) Médiuns Semimecânicos – Também denominados Semi-intuitivos. Eles sentem que, à sua mão uma impulsão é dado, mal grado seu, mas, ao mesmo tempo, têm consciência do que escrevem, à medida que as palavras se formam. Nestes casos, o pensamento acompanha as palavras.

Os médiuns de incorporação são classificados em conscientes, semi-conscientes e inconscientes.

Médium Consciente:

É aquele que durante o transcurso do fenômeno tem consciência plena do que está ocorrendo. O Espírito comunicante entra em contacto com as irradiações perispirituais do médium, e, emitindo também suas irradiações perispirituais, forma a atmosfera fluídica capaz de permitir a transmissão do seu pensamento ao médium, que, ao capta-lo, transmitirá com suas possibilidades: capacidade intelectual, vocabulário, gestos, etc. O médium age como se fosse um interprete da idéia sugerida pelo Espírito, exprimindo-a conforme sua capacidade própria de entendimento.
Seu desenvolvimento exige estudo constante, bom senso se análise contínua por parte do médium.

Médium Semi-Consciente:

É a forma de mediunidade psicofônica em que o médium sofre uma semi-exteriorização perispirítica em presença do Espírito comunicante, com o qual possue a devida afinidade; ou quando houve o ajustamento vibratório para que a comunicação se realizasse. Há irradiação e assimilação de fluidos emitidos pelo Espírito e pelo médium; formação da chamada atmosfera fluídica; e transmissão da mensagem do Espírito para o médium.
O médium vai tendo consciência do que o Espírito transmite à medida que os pensamentos daquele vão passando pelo seu cérebro.

Médium Inconsciente:

Esta forma de mediunidade e incorporação caracteriza-se pela inconsciência do médium quanto à mensagem que por seu intermédio é transmitida. Isto se verifica por se dar uma exteriorização perispiritual total do médium.

Embora inconsciente da mensagem, o médium é consciente do fenômeno que está se verificando, permanecendo, muitas vezes, junto da entidade comunicante, auxiliando-a na difícil empreitada, ou, quando tem plena confiança no Espírito que se comunica, poderá afastar-se em outras atividades.

A mediunidade de psicofonia inconsciente é das mais raras no gênero. Para que o médium se entregue plenamente confiante ao fenômeno dessa ordem, é necessário que ele tenha confiança na sua faculdade, nos Espíritos que o assistem e, principalmente, no ambiente espiritual da reunião que freqüenta.

ÄBibliografia:

* Apostilas do COEM – Centro Espírita Luz Eterna – 1.ª, 2.ª e 3.ª sessões de exercícios práticos.
* Vinha de Luz – Francisco Cândido Xavier/Emmanuel – cap. 21 e 155.
* Encontro Marcado – Francisco Cândido Xavier/Emmanuel – cap. 14 e 41.
* Caminho Verdade e Vida – Francisco Cândido Xavier/Emmanuel – cap. 178.
O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – Segunda Parte, capítulos II, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII e XV. Assimilação das Correntes Mentais.
Apostila nº 8 do Coem – 23a. Sessão Teórica.
No Invisível – Léon Denis – capítulos XVI à XVIII.
O Fenômeno Espírita – Gabriel Delanne – Segunda parte, capítulo I.
Estudando a Mediunidade - Martins Peralva.
Apostila do COEM – Centro de Orientação e Educação Mediúnica – do Centro Espírita Luz Eterna – Primeira, Segunda e Quarta Sessões Teóricas – Mediunidade – Conceito – Classificação e Dos Médiuns.
Dicionário de Filosofia Espírita – Lamartine Palhano Jr.

MANIFESTAÇÃO MEDIÚNICA III

Introdução:

Na pauta dos compromissos espirituais que o trabalhador consciente da Doutrina Espírita assume, destaca-se o intercambio mediúnico, na condição de muito valioso.

Graças a ele, a observação do fato robustece a fé; a oportunidade de informar-se a respeito da vida além da morte faculta-lhe dados preciosos; o estudo das comunicações aguça-lhe a percepção sobre a Erraticidade; o ensejo de esclarecer os que se encontram equivocados, no Além, luz abençoada; proporciona-lhe recursos eficazes, para o concurso anti-obsessivo ou desobsessivo; o habito da concentração se lhe torna mais natural e produtivo; pode conferir os ensinamentos hauridos na Codificação com a realidade da vida moral, alem do corpo somático; o ministério da aprendizagem viva oferece exemplos irrefutáveis; a ação da caridade sem saber a quem se dirige, torna-se mais oportuna e propicia-lhe dar passos mais largos...

O intercambio mediúnico de forma consciente, conforme as seguras diretrizes da Doutrina Espírita, é capitulo dos mais belos da vida, preparando os homens para que possam manter com equilíbrio e ampliar as incursões entre o plano físico e o espiritual.

Efeito do estudo cuidadoso do Espiritismo o intercâmbio mediúnico salutar, é estimulo e convite ao aprimoramento interior de quem se candidata à edificação de um futuro mundo melhor caracterizado por uma sociedade mais feliz.

O abnegado amigo João Cléofas oferece aos interessados nesta área da atividade espírita, inúmeras reflexões em torno de temas que elegeu para a meditação dos companheiros de ambos os planos da vida, que se reúnem para esse mister.

Utilizando-se de cada questão para a abertura da reunião mediúnica, atendeu à solicitação dos amigos encarnados a fim de apresentar, em letra de forma, aquelas instruções, que agora, constituem este livro. (Intercâmbio Mediúnico).

Não apresenta novidade alguma, e diversos assuntos já se encontram amplamente divulgados e comentados.

Como sabemos que nem todos os interessados no conhecimento espírita dispõem do material de que gostariam, brindamos-lhes esta modesta contribuição, que esperamos chegue também a muitas outras pessoas desinformadas, dando-lhes uma visão positiva, uma diretriz otimista que as ajude nos seu processo de crescimento moral e espiritual.

Formulamos votos de paz e bom entendimento para quem leia estas paginas, suplicamos a Jesus, que retornou da tumba em momentoso intercambio mediúnico para demonstrar a imortalidade, que nos abençoe e guarde na Sua paz.

Joanna de Angelis
Salvador, 15 de agosto de 1985.
(Livro Intercâmbio Mediúnico – Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito João Cléofas).


ÄENVOLVIMENTO MEDIÚNICO
No fenômeno mediúnico da chamada incorporação o que ocorre é um verdadeiro envolvimento mediúnico, que significa um entrosamento das correntes vibratórias próprias do médium, emanadas de suas criações mentais e espirituais com as do Espírito comunicante.

Sabemos que os nossos órgãos dos sentidos como ouvidos, olhos, etc., estão condicionados pela natureza, a fim de perceberem as vibrações dentro de um certo limite. Assim é que o nosso ouvido não percebe as vibrações que estejam abaixo ou acima do seu limite normal, bem como a nossa vista não chega a perceber os raios cujo comprimento de onda está acima ou abaixo da nossa faixa de normalidade.

No caso da mediunidade, o médium se coloca durante o transe em condições favoráveis de percepção mais nítida do mundo espiritual que nos rodeia; por haver uma exteriorização do perispírito, fundamento de todo o fenômeno mediúnico, este passa a vibrar em regime de maior liberdade, deixando-se influenciar pelo campo vibratório de entidades desencarnadas. Estas por sua vez, livres do corpo denso de carne se situam em plano vibratório diferente do perceptível normalmente pelos encarnados, somente podendo se fazer sentidas e se comunicarem conosco quando encontram médiuns que vibram dentro da mesma faixa em que se encontram. Havendo uma perfeita correspondência entre o clima vibratório da entidade desencarnada e o do médium, estamos diante de um fenômeno chamado envolvimento mediúnico, em que a pessoa encarnada passa a sentir a presença do Espírito desencarnado, podendo perceber-lhe as sensações, as emoções, as intenções, os pensamentos e transmiti-los de acordo com a sua livre vontade, deixando ou não se envolver por essa nova personalidade. É aqui que reside o ponto nevrálgico da questão: ou de nos deixarmos arrastar pura e simplesmente, ou de reagirmos, tentando impor nossa vontade. Se agirmos como na primeira hipótese, corremos o risco de sermos obsediados facilmente; se agirmos como na segunda, podemos passar uma vida inteira sem desenvolvermos a faculdade, dominados pelo receio de servirmos de instrumentos às entidades desencarnadas. Como se vê, a educação mediúnica, através do conhecimento e das praticas ordenadas, exige um comportamento eqüidistante das duas situações, e ensina o médium a se manter em posição de equilíbrio e vigilância sem que esta se transforme em refratariedade. Tendo então condições de controlar o fenômeno, isto é, saber quando e como uma mensagem é conveniente ou causadora de confusão e mal-estar; ter o bom senso de analisar o que vai filtrar ou o que está filtrando.

Os Espíritos superiores baixam o seu teor vibratório, aproximando-o do nosso, envolvendo-se com os fluidos grosseiros de nosso ambiente, tornando-se assim mais acessíveis; o médium em transe, por sua vez, se eleva através do preparo antecipado e da disciplinação dos recursos mediúnicos, podendo, então, dar-se a interação entre os dois psiquismos – o do desencarnado e o do médium, criando-se a condição para a comunicação. Uma baixa e o outro sobe vibratoriamente podendo dar-se a comunicação.

O caso contrário também pode acontecer. Médiuns com boa capacidade vibratória poderão baixar suas vibrações para servirem de instrumentos a entidades inferiores, a fim de que estas sejam esclarecidas e orientadas. Uma vez terminada a tarefa o médium retornará ao seu padrão vibratório normal não lhe ficando sensações desagradáveis próprias do Espírito comunicante, mas sim o bem-estar de ter cumprido o seu dever cristão.

Bibliografia: Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, “Encontro Marcado”, Caps. 27 e 28, Martins Peralva, “Estudando a Mediunidade”, Cap. 10. Livro Intercâmbio Mediúnico – Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito João Cléofas.

MANIFESTAÇÃO MEDIÚNICA II

Introdução:

A mediunidade não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade.

"O Evangelho Seg. o Espiritismo" – Pág. 311. FEB, 48ª edição.


Ä MANIFESTAÇÃO MEDIÚNICA: CONDICIONAMENTO E VICIAÇÕES

Quando há manifestação mediúnica, geralmente o médium apresenta gestos e trejeitos que têm por finalidade demonstrar que não é ele quem está se manifestando. É compreensível que isso tenha acontecido antigamente, por falta de estudo precedendo a prática mediúnica, pois, os candidatos ao desenvolvimento, observando o que os médiuns considerados "desenvolvidos" faziam, automaticamente ou conscientemente acabavam por copiar a "apresentação" do espírito comunicante.

Sendo a reunião realizada com pouca iluminação os médiuns preocupavam-se em dar um sinal de que estavam sob influencia espiritual, daí surgindo os chiados, gemidos, as contrações bruscas, os ruídos, enfim, algo que chamasse a atenção do doutrinador ou dirigente, atitudes essas desnecessárias, desde que a reunião se realize conforme a orientação sadia e correta.

Ao se aproximar do médium o espírito, como vimos anteriormente, combina os seus fluidos perispirituais com os do intermediário podendo este ter percepções diferentes das que estava tendo na ocasião (poderá sentir frio, calor, bem-estar, dores, ansiedade, paz, medo, ódio, etc.). Muitas vezes, por falta de educação mediúnica o médium reage através de espalhafato diante dessas percepções e sensações. Não há necessidade, portanto, de tremores, pancadas, chiados, assobios, gagueira, voz entrecortada e soturna. Deverá o médium se controlar para que a comunicação se faça naturalmente, sem "prefixos" de abertura ou de encerramento da mensagem. Cada espírito que se comunica é diferente do outro, portanto a repetição das mesmas encenações, caracteriza-se como sendo própria do médium; exceto em casos de uma entidade que se faça reconhecer por certas particularidades, no modo de falar, orientar ou dizer as coisas, mas nunca usando uma "chapa" ou "clichê", para dar a sua comunicação (Eu vim das alturas infinitas, dos pés do Pai, trazendo-vos a bandeira branca da paz, etc.).

De preferência o médium iniciante deve evitar receber por escrito ou oralmente, mensagem na 2.ª pessoa do plural ("vós"), para evitar erros de concordância, bem como barbarismo de linguagem, que acabam por descolorir a comunicação.

O dirigente evitará o sistema de chamar por ordem os médiuns, porque a comunicação é espontânea e não obedece a colocação dos mesmos na mesa; procurará estar atento, de olhos abertos; a sala com discreta iluminação e a reunião composta por um número razoável de pessoas (12 a 15 participantes).

Para evitar os condicionamentos e as viciações deve-se guardar respeito íntimo, confiança, espírito de análise, serenidade e sinceridade em tudo aquilo que se fizer. Na fase de aprendizado, acolher com simpatia as observações dos dirigentes e monitores que de alguma forma estão procurando evitar que o fenômeno mediúnico se barateie e se torne ridículo em nossas casas espíritas.


15
Ä Forças viciadas

Caía a noite...

Após o dia quente, a multidão desfilava na via pública, evidentemente buscando o ar fresco.

Dirigíamo-nos a outro templo espírita, em companhia de Áulus, segundo o nosso plano de trabalho, quando tivemos nossa atenção voltada para enorme gritaria.

Dois guardas arrastavam, de restaurante barato, um homem maduro em deploráveis condições de embriaguez.

O mísero esperneava e proferia palavras rudes, protestando, protestando...

- Observem o nosso infeliz irmão! – determinou o orientador.

E porque não havia muito tempo entre a porta ruidosa e o carro policial, pusemo-nos em observação.

Achava-se o pobre amigo abraçado por uma entidade da sombra, qual se um polvo estranho o absorvesse.

Num átimo, reparamos que a bebedeira alcançava os dois, porquanto se justapunham completamente um ao outro, exibindo as mesmas perturbações.

Em breves instantes, o veículo buzinou com pressa e não nos foi possível dilatar anotações.

- O quadro daria ensejo a valiosos apontamentos...

Ante a alegação de Hilário, o Assistente considerou que dispúnhamos de tempo bastante para a colheita de alguns registros interessantes e convidou-nos a entrar.

A casa de pasto regurgitava...

Muita alegria, muita gente.

Lá dentro, certo recolheríamos material adequado a expressivas lições.

Transpusemos a entrada.

As emanações do ambiente produziam em nós indefinível mal-estar.

Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam expectantes.

Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcoólatras impenitentes.

Indicando-as, informou o orientador:

- Muitos de nossos irmãos, que já se desvencilharam do vaso carnal, se apegam com tamanho desvario às sensações da experiência física, que se cosem àqueles nossos amigos terrestres temporariamente desequilibrados nos desagradáveis costumes por que se deixaram influenciar.

- Mas porque mergulhar, dessa forma, em prazeres dessa espécie?

- Hilário – disse o Assistente, bondoso -, o que a vida começou, a morte continua... Esses nossos companheiros situaram a mente nos apetites mais baixos do mundo, alimentando-se com um tipo de emoções que os localiza na vizinhança da animalidade. Não obstante haverem freqüentado santuários religiosos, não se preocuparam em atender aos princípios da fé que abraçaram, acreditando que a existência devia ser para eles o culto de satisfações menos dignas, com a exaltação dos mais astuciosos e dos mais forte. O chamamento da morte encontrou-os na esfera de impressões delituosas e escuras e, como é da Lei que cada alma receba da vida de conformidade com aquilo que dá, não encontram interesse senão nos lugares onde podem nutrir as ilusões que lhes são peculiares, porquanto, na posição em que se vêem, temem a verdade e abominam-na, procedendo como coruja que foge à luz.

Meu colega fez um gesto de piedade e indagou:

Entretanto, como se transformarão?
Chegará o dia em que a própria Natureza lhes esvaziará o cálice – respondeu Áulus, convicto. – Há mil processos de reajuste, no Universo Infinito em que se cumprem os Desígnios do Senhor, chamem-se eles aflição, desencanto, cansaço, tédio, sofrimento, cárcere...
Contudo – ponderei -, tudo indica que esses Espíritos infortunados não se enfastiarão tão cedo da loucura em que se comprazem...
Concordo plenamente – redargüiu o instrutor -, todavia, quando não se fatiguem, a Lei poderá conduzi-los a prisão regeneradora.
Como?
A pergunta de Hilário ecoou, cristalina, e o Assistente deu-se pressa em explicar:

- Há dolorosas reencarnações que significam tremenda luta expiatória para as almas necrosadas no vício. Temos, por exemplo, o mongolismo, a hidrocefalia, a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de nascença e muitos outros recursos, angustiosos embora, mas necessários, e que podem funcionar, em benefício da mente desequilibrada, desde o berço, em plena fase infantil. Na maioria das vezes, semelhantes processos de cura, prodigalizam bons resultados pelas provações obrigatórias que oferecem...

- No entanto – comentei -, e se os nossos irmãos encarnados, visivelmente confiados à devassidão, resolvessem reconsiderar o próprio caminho?!... Se voltassem à regularidade, através da renovação mental com alicerces no bem?!...

- Ah! Isso seria ganhar tempo, recuperando a si mesmos e amparando com segurança os amigos desencarnados... Usando a alavanca da vontade, atingimos a realização de verdadeiros milagres... Entretanto, para isso, precisariam despender esforço heróico.

Observando os beberrões, cujas taças eram partilhadas pelos sócios que lhes eram invisíveis, Hilário recordou:

- Ontem, visitamos um templo em que desencarnados sofredores se exprimiam por intermédio de criaturas necessitadas de auxílio, e ali estudamos algo sobre mediunidade... Aqui, vemos entidades viciosas valendo-se de pessoas que com elas se afinam numa perfeita comunhão de forças inferiores... Aqui, tanto quanto lá, seria lícito ver a mediunidade em ação?

- Sem qualquer dúvida – confirmou o orientador -; recursos psíquicos, nesse ou naquele grau de desenvolvimento, são peculiares a todos, tanto quanto o poder de locomoção ou a faculdade de respirar, constituindo forças que o Espírito encarnado ou desencarnado pode empregar no bem ou no mal de si mesmo. Ser médium não quer dizer que a alma esteja agraciada por privilégios ou conquistas feitas. Muitas vezes, é possível encontrar pessoas altamente favorecidas com o dom da mediunidade, mas dominadas, subjugadas por entidades sombrias ou delinqüentes, com as quais se afinam de modo perfeito, servindo ao escândalo e à perturbação, em vez de cooperarem na extensão do bem. Por isso é que não basta a mediunidade para a concretização dos serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo, do Cristianismo Puro, a fim de controlar a energia medianímica, de maneira a mobiliza-la em favor da sublimação espiritual na fé religiosa, tanto quanto disciplinamos a eletricidade, a benefício do conforto na Civilização.

Nisso, Áulus relanceou o olhar pelos aposentos reservados mais próximos, qual se já os conhecesse, e, fixando certa porta, convidou-nos a atravessa-la.

Seguimo-lo, ombro a ombro.

Em mesa lautamente provida com fino conhaque, um rapaz, fumando com volúpia e sob o domínio de uma entidade digna de compaixão pelo aspecto repelente em que se mostrava, escrevia, escrevia, escrevia...

- Estudemos – recomendou o orientador.

O cérebro do moço embebia-se em substância escura e pastosa que escorria das mãos do triste companheiro que o enlaçava.

Via-se-lhes a absoluta associação na autoria dos caracteres escritos.

A dupla em trabalho não nos registrou a presença.

- Neste instante – anunciou Áulus, atencioso -, nosso irmão desconhecido é hábil médium psicógrafo. Tem as células do pensamento integralmente controladas pelo infeliz cultivador de crueldade sob a nossa vista. Imanta-se-lhe à imaginação e lhe assimila as idéias, atendendo-lhe aos propósitos escusos, através dos princípios da indução magnética, de vez que o rapaz, desejando produzir páginas escabrosas, encontrou quem lhe fortaleça a mente e o ajude nesse mister.

Imprimindo à voz significativa expressão, ajuntou:

- Encontramos sempre o que procuramos ser.

Finda a breve pausa que nos compelia à reflexão, Hilário recomeçou:

- Todavia, será ele um médium na acepção real do termo? Será peça ativa em agrupamento espírita comum?

- Não. Não esta sob qualquer disciplina espiritualizante. É um moço de inteligência vivaz, sem maior experiência da vida, manejada por entidades perturbadoras.

Após inclinar-se alguns momentos sobre os dois, o instrutor elucidou com benevolência:

- Entre as excitações do álcool e do fumo que saboreiam juntos, pretendem provocar uma reportagem perniciosa, envolvendo uma família em duras aflições. Houve um homicídio, a cuja margem aparece a influência de certa jovem, aliada às múltiplas causas em que se formou o deplorável acontecimento. O rapaz que observamos, amigo de operoso lidador da imprensa, é de si mesmo dado à malícia e, com a antena mental ligada para os ângulos mais desagradáveis do problema, ao atender um pedido de colaboração do cronista que lhe é companheiro, encontrou, no caso de que hoje se encarrega, o concurso de ferrenho e viciado perseguidor da menina em foco, interessado em exagerar-lhe a participação na ocorrência, com o fim de martelar-lhe a mente apreensiva e arroja-la aos abusos da mocidade...

- Mas como? – indagou Hilário, espantadiço.

- O jornalista, de posse do comentário calunioso,,será o veículo de informações tendenciosas ao público. A moça ver-se-á, de um instante para outro, exposta às mais desapiedadas apreciações, e decerto se perturbará, sobremaneira, de vez que se lhe define a colaboração no crime. O obsessor, usando calculadamente o rapaz com quem se afina, pretende alcançar o noticiário de sensação, para deprimir a vida moral dela e, com isso, amolecer-lhe o caráter, trazendo-a, se possível, ao charco vicioso em que ele jaz.

- E, conseguirá? – insistiu meu colega, assombrado.

- Quem sabe?

E, algo triste, o orientador acrescentou:

- Naturalmente a jovem teria escolhido o gênero de provações que atravessa, dispondo-se a lutar, com valor, contra as tentações.

- E se não puder combater com a força precisa?

- Será mais justo dizer "se não quiser", por que a Lei não nos confia problemas de trabalho superiores à nossa capacidade de solução. Assim, pois, caso não delibere guerrear a influência destrutiva, demorar-se-á por muito tempo nas perturbações a que já se encontra ligada em princípio.

- Tudo isso por que?

A pergunta de Hilário pairou no ar por aflitiva interrogação, todavia, Áulus asserenou-nos o ânimo, elucidando:

- Indiscutivelmente, a jovem e o infeliz que a persegue estão unidos um ao outro, desde muito tempo... Terão estado juntos nas regiões inferiores da vida espiritual, antes da reencarnação com que a menina presentemente vem sendo beneficiada. Reencontrando-a na experiência física, de cujas vantagens ainda não partilha, o desventurado companheiro tenta incliná-la, de novo, à desordem emotiva, com o objetivo de explora-la em atuação vampirizante.

Áulus fez ligeiro intervalo, sorriu melancólico e acentuou:

- Entretanto, falar nisso seria abrir as páginas comoventes de enorme romance, desviando-nos do fim que nos propomos atingir. Detenhamo-nos na mediunidade.

Buscando aliviar a atmosfera de indagações que Hilário sempre condensava em torno de si mesmo, ponderei:

- O quadro sob nossa análise induz à meditação nos fenômenos gerais de intercâmbio em que a Humanidade total se envolve sem perceber...

- Ah! Sim! – concordou o orientador – faculdades medianímicas e cooperação do mundo espiritual surgem por toda parte. Onde há pensamento, há correntes mentais e onde há correntes mentais existe associação. E toda associação é interdependência e influenciação recíproca. Daí concluímos quanto à necessidade de vida nobre, a fim de atrairmos pensamentos que nos enobreçam. Trabalho digno, bondade, compreensão fraterna, serviço aos semelhantes, respeito à Natureza e oração constituem os meios mais puros de assimilar os princípios superiores da vida, porque damos e recebemos, em espírito, no plano das idéias, segundo leis universais que não conseguiremos iludir.

Em silencioso gesto com que nos recordava o dever a cumprir, o Assistente convidou-nos à retirada.

Retomamos a via pública.

Mal recomeçávamos a avançar, quando passou por nós uma ambulância, em marcha vagarosa, sirenando forte para abrir caminho.

À frente, ao lado do condutor, sentava-se um homem de grisalhos cabelos a lhe emoldurarem a fisionomia simpática e preocupada. Junto dele, porém, abraçando-o com naturalidade e doçura, uma entidade em roupagem lirial lhe envolvia a cabeça em suaves e calmantes irradiações de prateada luz.

- Oh! – inquiriu Hilário, curioso – quem será aquele homem tão bem acompanhado?

Áulus sorriu e esclareceu:

- Nem tudo é energia viciada no caminho comum. Deve ser um médico em alguma tarefa salvacionista.

- Mas, é espírita?

- Com todo o respeito que devemos ao Espiritismo, é imperioso lembrar que a Bênção do Senhor pode descer sobre qualquer expressão religiosa – afirmou o orientador com expressivo olhar de tolerância. – Deve ser, antes de tudo, um profissional humanitário e generoso que por seus hábitos de ajudar ao próximo se fez credor do auxílio que recebe. Não lhe bastariam os títulos de espírita e de médico para reter a influência benéfica de que se faz acompanhar. Para acomodar-se tão harmoniosamente com a entidade que o assiste, precisa possuir uma boa consciência e um coração que irradie paz e fraternidade.

- Contudo, podemos qualifica-lo como médium? – perguntou meu companheiro algo desapontado.

- Como não? – respondeu Áulus, convicto.

- É médium de abençoados valores humanos, mormente no socorro aos enfermos, no qual incorpora as correntes mentais dos gênios do bem, consagrados ao amor pelos sofredores da Terra.

E, com significativa inflexão de voz, acrescentou:

- Como vemos, influências do bem ou do mal, na esfera evolutiva em que nos achamos, se estendem por todos os lados e por todos os lados registramos a presença de faculdades medianímicas, que as assimilam, segundo a direção feliz ou infeliz, correta ou indigna em que cada mente se localiza.

Estudando, assim, a mediunidade, nos santuários do Espiritismo com Jesus, observamos uma força realmente peculiar a todos os seres, de utilidade geral, se sob uma orientação capaz de discipliná-la e conduzi-la para o máximo aproveitamento no bem.

Recordemos a eletricidade que, pouco a pouco, vai transformando a face do mundo. É preciso instalar, junto dela, a inteligência da usina para controlar-lhe os recursos, dinamiza-los e distribuí-los, conforme as necessidades de cada um... Sem isso, a queda dágua será sempre um quadro vivo de beleza fenomênica, com irremediável desperdício.

O tempo, contudo, não nos permitia maior delonga na conversação e rumamos, desse modo, para um agrupamento em que os nossos estudos da véspera encontrariam o necessário prosseguimento.

Ä Bibliografia: Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, "Fonte Viva, Cap. 165; Martins Peralva", Estudando a Mediunidade ", Cap. 10. Livro Nos Domínios da Mediunidade Cap. 15. O Evangelho Seg. o Espiritismo" – Pág. 311. FEB, 48ª edição.