quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

ESPIRITOS MISTIFICADORES

Os Mistificadores:

Um dos maiores obstáculos para a divulgação e aceitação do Espiritismo é a mistificação, que é o ato de uma entidade se comunicar pela escrita ou pela palavra enganando os presentes quanto à sua identidade e à sua posição espiritual.

Precisamos distinguir animismo de mistificação, que são dois fenômenos completamente diferentes.

Animismo é o fenômeno produzido pela própria alma do médium, e desde que espontâneo, é sempre válido. Difere da mistificação que pressupõem engodo, engano, dolo, mentira, e pode ser produzida por espíritos desencarnados, bem como, também, pelo próprio médium, consciente ou inconsciente.

Na mistificação sempre existe o desejo de enganar, trapacear, dar característas de verdade ao que é falso.

Há algum meio seguro de reconhecer e evitar a mistificação?

Sem duvida, e todos eles estão fartos e minuciosamente expostos no item nº 268, de “O Livro dos Médiuns”, a que iremos nos reportar.

“Muitos Espíritos protetores se designam pelos nomes de santos, ou de personagens conhecidas... nem todos os nomes de santos e de personagens conhecidas bastariam para fornecer um protetor a cada homem. Entre os Espíritos, poucos há que tenham nome conhecido na Terra. Por isso é que, as mais das vezes, eles nenhum nome declinam. Vós, porém, quase sempre quereis um nome; então, para vos satisfazer, o Espírito toma o de um homem que conhecestes e a quem conhecestes e a quem respeitais”.

“O uso desse nome não pode ser considerado uma fraude?”.

“Seria uma fraude da parte de um Espírito mau, que quisesse enganar; mas, quando é para o bem, Deus permite que assim procedam os Espíritos da mesma categoria, porque há entre eles solidariedade e analogia de pensamentos.

“Acresce que, quanto mais elevado é um Espírito, tanto mais dilatada é a sua irradiação. Segue-se, portanto, que um Espírito protetor de ordem muito elevado pode ter sob a sua tutela centenas de encarnados”.

“... Se, porém o Espírito evocado não pode vir, o que se apresenta é forçosamente um mandatário... Os Espíritos Superiores sabem a quem confiam o encargo de os substituir. Além disso, quanto mais elevados são os Espíritos, mais se confundem pela comunhão dos pensamentos, de tal sorte que, para eles, a personalidade é coisa indiferente, como o deve ser também para vós”.

“Julgais, então, que no mundo dos Espíritos Superiores não haja senão os que conhecestes na Terra, como capazes de vos instruírem?”.

“... mas, como permitem os Espíritos Superiores que outros, de baixo estalão, adotem nomes respeitáveis para induzirem os homens em erro, por meio de máximas não raro perversas?”.

“Não é com a permissão dos primeiros que estes o fazem. O mesmo não se dá entre vós? Os que desse modo enganam os homens serão punidos, ficai certos, e a punição deles será proporcionada à gravidade da impostura. Ao demais, se não fosseis imperfeitos, não teríeis em torno de vós senão bons Espíritos; se sois enganados, só de vós mesmos vos deveis queixar. Deus permite que assim aconteça, para experimentar a vossa perseverança e o vosso discernimento e para vos ensinar a distinguir a verdade do erro. Se não o fazeis, é que não estais bastante elevados e precisais das lições da experiência.

No que diz respeito à simpatia que porventura os Espíritos possam nutrir pelos encarnados vejamos o que é que eles nos ensinam:

“... Também é preciso saibais que há pessoas pelas quais os Espíritos Superiores se interessam mais do que outras e, quando eles julgam conveniente, as preservam dos ataques da mentira. Contra essas pessoas os Espíritos enganadores nada podem... Os bons Espíritos se interessam pelos que usam criteriosamente da faculdade de discernir e trabalham seriamente por melhorar-se. Dão a esses suas preferências e os secundam; poucos porem, se incomodam com aqueles junto dos quais perdem o tempo em belas palavras”.

E quanto aos caracteres e sinais que possam usar para sua identidade, vejamos a palavra serena e equilibrada dos Espíritos:

“Os Espíritos Superiores nenhum outro sinal têm para se fazerem reconhecer além da superioridade das suas idéias e de sua linguagem. Qualquer Espírito pode imitar um sinal material. Quanto aos Espíritos inferiores, esses se traem de tantos modos, que fora preciso ser cego para deixar-se iludir... Os Espíritos só enganam os que se deixam enganar...”.

“Há pessoas que se deixam seduzir por uma linguagem enfática, que apreciam mais as palavras do que as idéias, que mesmo tomam idéias falsas e vulgares, por sublimes. Como podem essas pessoas, que não estão aptas a julgar as obras dos homens, julgar as dos Espíritos?”

“Quando essas pessoas são bastante modestas para reconhecer a sua incapacidade não se fiam de si mesmas; quando por orgulho se julgam mais capazes do que o são, trazem consigo a pena da vaidade tola que alimentam. Os Espíritos enganadores sabem perfeitamente a quem se dirigem. Há pessoas simples e pouco instruídas mais difíceis de enganar do que outras, que têm finura e saber. Lisonjeando-lhes as paixões, fazem eles do homem o que querem”.

No que diz respeito à identificação dos Espíritos que se comunicam nas chamadas sessões de doutrinação, o que se deve interessar é o problema da entidade em si, o seu esclarecimento, a sua consolação. (Apostila do Coem nº 07 – 20ª. Sessão de Exercício Prático). (Allan kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª. Parte – Cap. XXIV; Emmanuel psicografia de Francisco Cândido Xavier, O Consolador, perg. 379 e 401).

ÄNecessidade de Identificação.

Em se tratando de espíritos que vêm à sessão para serem orientados e consolados, para receberem o alivio da prece, não vemos necessidade alguma que levantemos seus dados biográficos.

Vivendo problemas angustiantes e estando confusos quanto à noção de tempo e espaço a que estavam condicionados na Terra, muitos deles são incapazes de informar, com segurança, quem realmente são. Todavia, quando espontaneamente eles se dignam fornecer alguns dados quanto à sua personalidade, para efeitos de estudo, sempre é interessante confirma-los, se houver essa possibilidade.

O médium iniciante não deve preocupar-se por não ter a mínima intuição a respeito da identidade do Espírito que através de si se comunica. Só com o tempo e o treinamento é que terá a capacidade de identificar perfeitamente as entidades comunicantes. Determinados detalhes podem levar a presumir-se que se trata desta ou daquela entidade. Porém, se é para atender a quem precisa, não vamos perder tempo fazendo inquirições sem fim, somente para satisfazer uma vã curiosidade. Lembremos que será falta de caridade obrigar o Espírito, que busca o socorro em nossas sessões, a revelar-se quando prefere permanecer no anonimato.

Quando se trata de uma entidade que procura dar orientações, o nome que usa é secundário e pouco deve influir quanto à aceitação ou não da mensagem, o conteúdo é o elemento primordial. Se se trata de uma personagem conhecida e famosa, mais cuidado ainda devemos ter porque, se ela espontaneamente dita o seu nome, deve dar dados que lhe sirvam de identificação.

Quando ocorre a comunicação por intermédio de um médium seguro e com a possibilidade de filtrar bem as características do espírito comunicante, pode haver um impacto na opinião geral e a atitude dos familiares vir comprovar que reconhecem a mensagem como verdadeira, como sendo de seu familiar desencarnado.

É o caso de Humberto de Campos, que após desencarnar, ditou obras através de Chico Xavier, dando sobejas demonstrações de sua identidade, e a família, enciumada, moveu um processo para que ela tivesse acesso aos direitos autorais dessas obras mediúnicas.

De toda polemica, o que ocorreu é que Humberto de Campos, o velho Conselheiro XX, passou a usar o pseudônimo que o anonimatizou: Irmão X.

Alias, os espíritos elevados quase sempre se valem desse recurso numa demonstração que para eles o nome pouca importância tem.

ÄBibliografia: Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Pão Nosso, Cap. 134; Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, item 268.
Apostila do Coem nº 07 – 20ª. Sessão de Exercício Prático. Allan kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª. Parte – Cap. XXIV; Emmanuel psicografia de Francisco Cândido Xavier, O Consolador, perg. 379 e 401.

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