quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O PERISPIRITO

Introdução:

Conhecido pelos estudiosos desde a mais remota Antigüidade, tem sido o Perispírito identificado numa gama de rica nomenclatura, conforme as funções que lhe foram atribuídas, nos diversos períodos que duravam as investigações.

No Vedanta já era mencionado e conhecido como Manu, Manã e Kosha.

No Budismo esotérico era conhecido por Kama-rupa.

No hermetismo egípcio surge na qualidade de Ka ou Duplo.

Na Cabala Hebraica era conhecido como manifestação de Rouach.

Para os antigos hebreus é o Néphesph, levando no seu íntimo o Sopro Divino (Espírito) e seguindo-o em todas as suas vidas.

Os gregos denominavam-no Eidolôn, aparecendo como fantasmas nas evocações das suas pitonisas e habitando o Aqueronte.

Chineses e latinos tinham conhecimento da sua realidade.

Pitágoras, mais afeiçoado aos estudos metafísicos (relativo à metafísica, que segundo Aristóteles, é o estudo do ser e especulação em torno dos primeiros princípios e das causas primeiras do ser) nominava-o Carne Sutil da Alma.

Aristóteles, na sua exegese do complexo humano, considerava-o Corpo Sutil ou Etéreo.

Os neoplatônicos, (aqueles que são adeptos do neoplatonismo - corrente doutrinária fundada por Amônio Sacas em Alexandria), dentre os quais Orígenes, o Pai da Doutrina dos Princípios, identificava-o como Aura; outros o designavam como Astroeidê, por apresentar o brilho dos astros.

Tertuliano, o gigante inspirado da Apologética, nele via o Corpo Vital da Alma.

Proclo o caracterizava como Veículo da Alma, definindo cada expressão os atributos de que o consideravam investido.

M. Maspero, o consagrado orientalista, considerava-o como um Corpo Aéreo, reprodução exata do corpo físico.

O Apóstolo Paulo já o chamava Corpo Espiritual, conforme escreveu aos Coríntios (I Epístola, 15:44), * 15: 44 Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual. Denominava-o também como Corpo Incorruptível; logo depois, na mesma Epístola, Verso 53, 15:53 Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. Finalmente, o denominava como Alma, como podemos constatar na exortação aos companheiros da Tessalônica (Epístola, 5:23) 5:23 E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados, sobrevivente à morte.


Na cultura moderna, Paracelso, no século XVI, detectou-o sob a designação de Corpo Astral, baseado na sua cor prateada e luminosidade própria, refletindo as pesquisas realizadas no campo da Química e no estudo paralelo da Medicina com a Filosofia, em que se notabilizou.

Leibnitz, logo depois, substituindo os conceitos panteístas de Spinoza pela teoria dos "Átomos Espirituais ou Mônadas" (Substâncias simples), surpreende-o dando a denominação de Corpo Fluídico.

Alguns experimentadores contemporâneos designam o Perispírito com o nome de Aerossoma.

Outros perquiridores, penetrando a sonda da investigação no passado e no presente, localizando na tecedura da vida humana como elemento básico da organização do ser.

Perfeitamente consentâneo (adequado, coerente) aos últimos descobrimentos, nas experiências de detecção por efluvioscopia e efluviografia, denominado Corpo Bioplasmático.



O Termo Perispírito - referência em O Livro dos Espíritos:

* Encontramos na Introdução de O Livro dos Espíritos (1.857), cap. VI:

"Há no homem três coisas: 1°, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2°, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3°, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.

"Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.

"O laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.

"O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato.


* Parte Segunda - Capítulo I:

Perispírito

Pergunta 93. O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer?

R. "Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira".

Comentário de Allan Kardec: Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.

Pergunta 94. De onde tira o Espírito o seu invólucro semimaterial?

R."Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa".

a) - Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um perispírito mais grosseiro?

R."É necessário que se revistam da vossa matéria, já o dissemos".


Pergunta 95. O invólucro semimaterial do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível?

R."Tem a forma que o Espírito queira. É assim que este vos aparece algumas vezes, quer em sonho, quer no estado de vigília, e que pode tomar forma visível, mesmo palpável".


Capítulo II:

A alma

Pergunta 134. Que é a alma?

R."Um Espírito encarnado".

a) - Que era a alma antes de se unir ao corpo?

R. "Espírito".

b) - As almas e os Espíritos são, portanto, idênticos, a mesma coisa?

R."Sim, as almas não são senão os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, os quais temporariamente revestem um invólucro carnal para se purificarem e esclarecerem".

Pergunta 135. Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo?

R. "Há o laço que liga a alma ao corpo".

a) - De que natureza é esse laço?

"Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente".

O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:

1º - o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo

princípio vital;

2º - a alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação;

3º - o princípio intermediário, ou perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tais, num fruto, o gérmen, o perisperma e a casca.


Capítulo III

Da volta do Espírito, extinta a vida corpórea, à vida Espiritual

A alma após a morte

Pergunta 149. Que sucede à alma no instante da morte?

R. "Volta a ser Espírito, isto é, volve ao mundo dos Espíritos, donde se apartara momentaneamente".

Pergunta 150. A alma, após a morte, conserva a sua individualidade?

R. "Sim; jamais a perde. Que seria ela, se não a conservasse?"

a) - Como comprova a alma a sua individualidade, uma vez que não tem mais corpo material?

R. "Continua a ter um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta, e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito".


Separação da alma e do corpo

Pergunta 154. É dolorosa a separação da alma e do corpo?

R. "Não; o corpo quase sempre sofre mais durante a vida do que no momento da morte; a alma nenhuma parte toma nisso. Os sofrimentos que algumas vezes se experimentam no instante da morte são um gozo para o Espírito, que vê chegar o termo do seu exílio".

Na morte natural, a que sobrevem pelo esgotamento dos órgãos, em conseqüência da idade, o homem deixa a vida sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de óleo.

Pergunta 155. Como se opera a separação da alma e do corpo?

R. "Rotos os laços que a retinham, ela se desprende".

a) - A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma

linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?

R. "Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram".

Comentários de Allan Kardec:

Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles, sobretudo cuja vida toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam que a afinidade persiste entre a alma e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas.

Pergunta 162. Após a decapitação, por exemplo, conserva o homem por alguns instantes a consciência de si mesmo?

"Não raro a conserva durante alguns minutos, até que a vida orgânica se tenha extinguido completamente. Mas, também, quase sempre a apreensão da morte lhe faz perder aquela consciência antes do momento do suplício".

Comentário de Allan Kardec: Trata-se aqui da consciência que o supliciado pode ter de si mesmo, como homem e por intermédio dos órgãos, e não como Espírito. Se não perdeu essa consciência antes do suplício, pode conservá-la por alguns breves instantes. Ela, porém, cessa necessariamente com a vida orgânica do cérebro, o que não quer dizer que o perispírito esteja inteiramente separado do corpo. Ao contrário: em todos os casos de morte violenta, quando a morte não resulta da extinção gradual das forças vitais, mais tenazes são os laços que prendem o corpo ao perispírito e, portanto, mais lento o desprendimento completo.

Pergunta 186. Haverá mundos onde o Espírito, deixando de revestir corpos materiais, só tenha por envoltório o perispírito?

R. "Há e mesmo esse envoltório se torna tão etéreo que para vós é como se não existisse. Esse o estado dos Espíritos puros".

a) - Parece resultar daí que, entre o estado correspondente às últimas encarnações e o de Espírito puro, não há linha divisória perfeitamente demarcada; não?

R. "Semelhante demarcação não existe. A diferença entre ume outro estado se vai apagando pouco a pouco e acaba por ser imperceptível, tal qual se dá com a noite às primeiras claridades do alvorecer".

Pergunta187. A substância do perispírito é a mesma em todos os mundos?

R. "Não; é mais ou menos etérea. Passando de um mundo a outro, o Espírito se reveste da matéria própria desse outro, operando-se, porém, essa mudança com a rapidez do relâmpago".


Capítulo VI

Ensaio teórico da sensação nos Espíritos

Pergunta 257. O corpo é o instrumento da dor. Se não é a causa primária desta é, pelo menos, a causa imediata. A alma tem a percepção da dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa, mas não pode ter ação física. De fato, nem o frio, nem o calor são capazes de desorganizar os tecidos da alma, que não é suscetível de congelar-se, nem de queimar-se. Não vemos todos os dias a recordação ou a apreensão de um mal físico produzirem o efeito desse mal, como se real fora? Não as vemos até causar a morte? Toda gente sabe que aqueles a quem se amputou um membro costumam sentir dor no membro que lhes falta. Certo que aí não está a sede, ou, sequer, o ponto de partida da dor. O que há, apenas, é que o cérebro guardou desta a impressão. Lícito, portanto, será admitir-se que coisa análoga ocorra nos sofrimentos do Espírito após a morte.

Um estudo aprofundado do perispírito, que tão importante papel desempenha em todos os fenômenos espíritas; nas aparições vaporosas ou tangíveis; no estado em que o Espírito vem a encontrar-se por ocasião da morte; na idéia, que tão freqüentemente manifesta, de que ainda está vivo; nas situações tão comoventes que nos revelam os dos suicidas, dos supliciados, dos que se deixaram absorver pelos gozos materiais; e inúmeros outros fatos, muita luz lançaram sobre esta questão, dando lugar a explicações que passamos a resumir.

O perispírito é o laço que à matéria do corpo prende o Espírito, que o tira do meio ambiente, do fluido universal. Participa ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer que é a quintessência da matéria. É o princípio da vida orgânica, porém, não o da vida intelectual, que reside no Espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores. No corpo, os órgãos, servindo-lhes de condutos, localizam essas sensações. Destruído o corpo, elas se tornam gerais. Daí o Espírito não dizer que sofre mais da cabeça do que dos pés, ou vice-versa. Não se confundam, porém, as sensações do perispírito, que se tornou independente, com as do corpo. Estas últimas só por termo de comparação as podemos tomar e não por analogia. Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é corporal, embora não seja exclusivamente moral, como o remorso, pois que ele se queixa de frio e calor. Também não sofre mais no inverno do que no verão: temo-los visto atravessar chamas, sem experimentarem qualquer dor. Nenhuma impressão lhes causa, consegüintemente, a temperatura. A dor que sentem não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo, que o próprio Espírito nem sempre compreende bem, precisamente porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores; é mais uma reminiscência do que uma realidade, reminiscência, porém, igualmente penosa. Algumas vezes, entretanto, há mais do que isso, como vamos ver. Ensina-nos a experiência que, por ocasião da morte, o perispírito se desprende mais ou menos lentamente do corpo; que, durante os primeiros minutos depois da desencarnação, o Espírito não encontra explicação para a situação em que se acha. Crê não estar morto, por isso que se sente vivo; vê a um lado o corpo, sabe que lhe pertence, mas não compreende que esteja separado dele. Essa situação dura enquanto haja qualquer ligação entre o corpo e o perispírito. Disse-nos, certa vez, um suicida: "Não, não estou morto". E acrescentava: No entanto, sinto os vermes a me roerem. Ora, indubitavelmente, os vermes não lhe roíam o perispírito e ainda menos o Espírito; roíam-lhe apenas o corpo. Como, porém, não era completa a separação do corpo e do perispírito, uma espécie de repercussão moral se produzia, transmitindo ao Espírito o que estava ocorrendo no corpo. Repercussão talvez não seja o termo próprio, porque pode induzir à suposição de um efeito muito material. Era antes a visão do que se passava com o corpo, ao qual ainda o conservava ligado o perispírito, o que lhe causava a ilusão, que ele tomava por realidade. Assim, pois não haveria no caso uma reminiscência, porquanto ele não fora, em vida, ruído pelos vermes: havia o sentimento de um fato da atualidade. Isto mostra que deduções se podem tirar dos fatos, quando atentamente observados.

Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito, que constitui, provavelmente, o que se chama fluido nervoso. Uma vez morto, o corpo nada mais sente, por já não haver nele Espírito, nem perispírito. Este, desprendido do corpo, experimenta a sensação, porém, como já não lhe chega por um conduto limitado, ela se lhe torna geral. Ora, não sendo o perispírito, realmente, mais do que simples agente de transmissão, pois que no Espírito é que está a consciência, lógico será deduzir-se que, se pudesse existir perispírito sem Espírito, aquele nada sentiria, exatamente como um corpo que morreu. Do mesmo modo, se o Espírito não tivesse perispírito, seria inacessível a toda e qualquer sensação dolorosa. É o que se dá com os Espíritos completamente purificados. Sabemos que quanto mais eles se purificam, tanto mais etérea se torna a essência do perispírito, donde se segue que a influência material diminui à medida que o Espírito progride, isto é, à medida que o próprio perispírito se torna menos grosseiro.

Mas, dir-se-á, desde que pelo perispírito é que as sensações agradáveis, da mesma forma que as desagradáveis, se transmitem ao Espírito, sendo o Espírito puro inacessível a umas, deve sê-lo igualmente às outras. Assim é, de fato, com relação às que provêm unicamente da influência da matéria que conhecemos. O som dos nossos instrumentos, o perfume das nossas flores nenhuma impressão lhe causam. Entretanto, ele experimenta sensações íntimas, de um encanto indefinível, das quais idéia alguma podemos formar, porque, a esse respeito, somos quais cegos de nascença diante a luz. Sabemos que isso é real; mas, por que meio se produz? Até lá não vai a nossa ciência. Sabemos que no Espírito há percepção, sensação, audição, visão; que essas faculdades são atributos do ser todo e não, como no homem, de uma parte apenas do ser; mas, de que modo ele as tem? Ignoramo-lo. Os próprios Espíritos nada nos podem informar sobre isso, por inadequada a nossa linguagem a exprimir idéias que não possuímos, precisamente como o é, por falta de termos próprios, a dos selvagens, para traduzir idéias referentes às nossas artes, ciências e doutrinas filosóficas.

Dizendo que os Espíritos são inacessíveis às impressões da matéria que conhecemos, referimo-nos aos Espíritos muito elevados, cujo envoltório etéreo não encontra analogia neste mundo. Outro tanto não acontece com os de perispírito mais denso, os quais percebem os nossos sons e odores, não, porém, apenas por uma parte limitada de suas individualidades, conforme lhes sucedia quando vivos. Pode-se dizer que, neles, as vibrações moleculares se fazem sentir em todo o ser e lhes chegam assim ao sensorium commune, que é o próprio Espírito, embora de modo diverso e talvez, também, dando uma impressão diferente, o que modifica a percepção. Eles ouvem o som da nossa voz, entretanto nos compreendem sem o auxílio da palavra, somente pela transmissão do pensamento. Em apoio do que dizemos há o fato de que essa penetração é tanto mais fácil, quanto mais desmaterializado está o Espírito. Pelo que concerne à vista, essa, para o Espírito, independe da luz, qual a temos. A faculdade de ver é um atributo essencial da alma, para quem a obscuridade não existe. É, contudo, mais extensa, mais penetrante nas mais purificadas. A alma, ou o Espírito tem, pois, em si mesma, a faculdade de todas as percepções. Estas, na vida corpórea, se obliteram pela grosseria dos órgãos do corpo; na vida extracorpórea, se vão desanuviando, à proporção que o invólucro semimaterial se eteriza.

Haurido do meio ambiente, esse invólucro varia de acordo com a natureza dos mundos. Ao passarem de um mundo a outro, os Espíritos mudam de envoltório, como nós mudamos de roupa, quando passamos do inverno ao verão, ou do pólo ao equador. Quando vêm visitar-nos, os mais elevados se revestem do perispírito terrestre e então suas percepções se produzem como no comum dos Espíritos. Todos, porém, assim os inferiores como os superiores, não ouvem, nem sentem, senão o que queiram ouvir ou sentir. Não possuindo órgãos sensitivos, eles podem, livremente, tornar ativas ou nulas suas percepções. Uma só coisa são obrigados a ouvir - os conselhos dos Espíritos bons. A vista, essa é sempre ativa; mas, eles podem fazer-se invisíveis uns aos outros. Conforme a categoria que ocupem, podem ocultar-se dos que lhes são inferiores, porém não dos que lhes são superiores. Nos primeiros instantes que se seguem à morte, a visão do Espírito é sempre turbada e confusa. Aclara-se, à medida que ele se desprende, e pode alcançar a nitidez que tinha durante a vida terrena, independentemente da possibilidade de penetrar através dos corpos que nos são opacos.

Quanto à sua extensão através do espaço indefinido, do futuro e do passado, depende do grau de pureza e de elevação do Espírito. Objetarão, talvez: toda esta teoria nada tem de tranqüilizadora. Pensávamos que, uma vez livres do nosso grosseiro envoltório, instrumento das nossas dores, não mais sofreríamos e eis nos informais de que ainda sofreremos. Desta ou daquela forma, será sempre sofrimento. Ah! sim, pode dar-se que continuemos a sofrer, e muito, e por longo tempo, mas também que deixemos de sofrer, até mesmo desde o instante em que se nos acabe a vida corporal.

Os sofrimentos deste mundo independem, algumas vezes, de nós; muito mais vezes, contudo, são devidos à nossa vontade. Remonte cada um à origem deles e verá que a maior parte de tais sofrimentos são efeitos de causas que lhe teria sido possível evitar. Quantos males, quantas enfermidades não deve o homem aos seus excessos, à sua ambição, numa palavra: às suas paixões? Aquele que sempre vivesse com sobriedade, que de nada abusasse, que fosse sempre simples nos gostos e modesto nos desejos, a muitas tribulações se forraria. O mesmo se dá com o Espírito. Os sofrimentos por que passa são sempre a conseqüência da maneira por que viveu na Terra. Certo já não sofrerá mais de gota, nem de reumatismo; no entanto, experimentará outros sofrimentos que nada ficam a dever àqueles. Vimos que seu sofrer resulta dos laços que ainda o prendem à matéria; que quanto mais livre estiver da influência desta, ou, por outra, quanto mais desmaterializado se achar, menos dolorosas sensações experimentará. Ora, está nas suas mãos libertar-se de tal influência desde a vida atual. Ele tem o livre-arbítrio, tem, por conseguinte, a faculdade de escolha entre o fazer e o não fazer. Dome suas paixões animais; não alimente ódio, nem inveja, nem ciúme, nem orgulho; não se deixe dominar pelo egoísmo; purifique-se, nutrindo bons sentimentos; pratique o bem; não ligue às coisas deste mundo importância que não merecem; e, então, embora revestido do invólucro corporal, já estará depurado, já estará liberto do jugo da matéria e, quando deixar esse invólucro, não mais lhe sofrerá a influência. Nenhuma recordação dolorosa lhe advirá dos sofrimentos físicos que haja padecido; nenhuma impressão desagradável eles deixarão, porque apenas terão atingido o corpo e não a alma. Sentir-se-á feliz por se haver libertado deles e a paz da sua consciência o isentará de qualquer sofrimento moral. Interrogamos, aos milhares, Espíritos que na Terra pertenceram a todas as classes da sociedade, ocuparam todas as posições sociais; estudamo-los em todos os períodos da vida espírita, a partir do momento em que abandonaram o corpo; acompanhamo-los passo a passo na vida de além-túmulo, para observar as mudanças que se operavam neles, nas suas idéias, nos seus sentimentos e, sob esse aspecto, não foram os que aqui se contaram entre os homens mais vulgares os que nos proporcionaram menos preciosos elementos de estudo. Ora, notamos sempre que os sofrimentos guardavam relação com o proceder que eles tiveram e cujas conseqüências experimentavam; que a outra vida é fonte de inefável ventura para os que seguiram o bom caminho. Deduz-se daí que, aos que sofrem, isso acontece porque o quiseram; que, portanto, só de si mesmos se devem queixar, quer no outro mundo, quer neste.



Definição do Perispírito:

Perispírito - do radical grego "peri" que quer dizer: em torno, ao redor. Envoltório semimaterial do Espírito. Nos encarnados, serve de intermediário entre o Espírito e a matéria; nos espíritos errantes, constitui o corpo fluídico do Espírito.



Formação/natureza do Perispírito:

O Perispírito ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos mais importantes produtos do Fluido Cósmico Universal - FCU; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma. O corpo carnal também tem o seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matéria tangível.

No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm, pois origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes.

Do meio onde se encontra é o que o Espírito extrai o seu perispírito, isto é, esse envoltório ele o forma dos fluidos ambientes. Resulta daí que os elementos constitutivos do perispírito naturalmente variam conforme os mundos.

Ex. Em Júpiter, como sendo um orbe muito mais adiantado em comparação com a Terra, a vida corpórea não apresenta a mesma materialidade da nossa, os envoltórios perispirituais hão de ser lá, de natureza muito mais quintenssenciada (o extrato levado ao último apuramento, o que há de principal, de melhor e de mais puro - a essência) do que aqui. Ora, assim como não poderíamos existir naquele mundo com o nosso corpo carnal, também os nossos Espíritos não poderiam nele penetrar com os perispíritos terrestres que os revestem. Emigrado da Terra, o Espírito deixa aí o seu invólucro fluídico e toma outro apropriado ao mundo aonde vai habitar.

A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório ao seu bel prazer, pelo que não podem passar, à vontade, de um mundo para outro. Alguns há, portanto, cujo envoltório fluídico, se bem que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, ainda é por demais pesado, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio. Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perispírito é tão grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal, razão porque continuam a crer-se vivos. Esses Espíritos, cujo número é avultado, permanecem na superfície da Terra, como os encarnados, julgando-se entregues às suas ocupações terrenas. Outros, um pouco mais desmaterializados, não o são, contudo, suficientemente, para se elevarem acima das regiões terrestres.

No Livro Obras Póstumas, é mencionado que, o perispírito é mais ou menos etéreo, segundo os mundos e o grau de adiantamento dos Espíritos. Nos mundo e nos Espíritos inferiores, ele é de natureza mais grosseira e se aproxima muito da matéria bruta.



Funções do Perispírito:

Elencaremos, conforme abaixo, as principais funções do Perispírito:


Envoltório do Espírito

Elo entre o Espírito e o Corpo

Modelo Organizador Biológico

Veículo da Mediunidade

Arquivo das Experiências do Espírito

Sede dos Centros Vitais


1) - Envoltório do Espírito:

Volvendo-se à Introdução de O livro dos Espíritos Cap. VI, encontramos:

"Há no homem três coisas: 1°, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2°, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3°, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.

"Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.

"O laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.

"O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato.

Da mesma forma com a questão 93, onde, inclusive Allan Kardec em seu comentário, na seqüência, faz a comparação perispírito ao perisperma - que envolve o germe do fruto.


Parte Segunda - Capítulo I

Perispírito

Pergunta 93. O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer?

R. "Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira".

Comentário de Allan Kardec: Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.


2) - Elo entre o Espírito e o Corpo:

Sob este aspecto, o perispírito atua como intermediário entre o corpo e o Espírito. É importante revermos a questão 135 de O Livro dos Espíritos.

Pergunta 135. Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo?

R. "Há o laço que liga a alma ao corpo".

a) - De que natureza é esse laço?

R. "Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente".

Em o Livro dos Médiuns (1.861), encontramos a referência de que perispírito é o intermediário de todas as sensações que o Espírito recebe e pelo qual transmite a sua vontade.

No Livro Obras Póstumas, há a seguinte referência com relação a esta matéria:

O perispírito serve de intermediário ao Espírito e ao corpo. É o órgão transmissor de todas as sensações. Quando elas vêm do exterior, o corpo recebe a impressão, o perispírito a transmite e o Espírito a recebe. Quando o ato é de iniciativa do Espírito, pode dizer-se que o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa.


DO CORPO PARA O ESPÍRITO TRANSMITE SENSAÇÕES


DO ESPÍRITO PARA O CORPO CONDUZ IMPRESSÕES


3) - Modelo Organizador Biológico:

Gabriel Delanne, no seu Livro Evolução Anímica, menciona que os Espíritos conservam a forma humana e isto não só por se apresentarem tipicamente assim, como também porque o perispírito encerra todo um organismo fluídico-modêlo, pelo qual a matéria há de se organizar no condicionamento do corpo físico.

Precisamos recorrer ao perispírito, pois ele é que contém o desenho prévio, a lei onipotente que servirá de regra inflexível ao novo organismo e lhe assegurará o lugar na escala morfológica, segundo o grau de sua evolução. É no embrião que se executa essa ação diretiva.

Tomemos, por exemplo, várias sementes de espécies diferentes. Em analisando-as quimicamente, não poderemos encontrar a menor diferença em sua composição, temo-las absolutamente iguais.

Plantemo-las, após, no mesmo terreno e veremos cada qual submetida a uma idéia diretiva especial, diferente da de sua convizinha.

Durante a vida da planta, essa idéia diretriz conservará a forma característica da planta, renovar-lhe-á os tecidos segundo o plano preconcebido, e conforme ao tipo que lhe foi de origem assinado.

Sendo a matéria primária idêntica para todas as plantas, como idêntica é a força vital para todos os indivíduos, importa exista uma outra força que origine e mantenha a forma. Ao Perispírito atribuímos esse papel, no reino vegetal, como no animal.

Léon Denis, no seu Livro Depois da Morte, nos ensina que o perispírito é um organismo fluídico; é a forma preexistente e sobrevivente do ser humano, sobre qual se modela o envoltório carnal, como uma veste dupla e invisível, constituída de matéria quintenssenciada, que atravessa todos os corpos por mais impenetráveis que estes nos pareçam.

O Espírito Camilo, no livro psicografado por José Raul Teixeira - Correnteza de Luz, explica que: como sendo do perispírito a responsabilidade pela organização do complexo celular, determinando, nas reencarnações humanas, a fixação das caracterizações de ordem genética, no quadro de necessidades e méritos que a Providência Celeste processa, devidamente. Na sua possibilidade plástica, é dotado da função modeladora da forma, dando-lhe, sob o comando espiritual, mental, a expressão da qual necessita para que tal forma material seja ideal para atender as necessidades diversas do reencarnante, ao consumar-se a reencarnação.

Por todos os seus atributos, pelas ligações célula a célula, conduzindo para a carne os impulsos internos da alma e para esta as reações nervosas do corpo físico, o perispírito presta-se como veículo imprescindível para ajudar na exteriorização da mediunidade, nos parâmetros da Terra.


4) - Veículo da Mediunidade:

Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha preponderante papel no organismo. Pela sua expansão, põe o Espírito encarnado em relação mais direta com os Espíritos livres e também com os Espíritos encarnados.

Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta quanto, por sua expansão e sua irradiação, o perispírito com eles se confunde.

Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com que se acha em contato molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; em sendo maus, a impressão é penosa. Se permanentes e energéticos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.

4.1 - Veículo da Mediunidade: O Perispírito e a comunicação Mediúnica:

Um Espírito só consegue se manifestar em nosso meio através da combinação de seus fluidos perispiríticos com os fluidos do médium, que passam a formar uma espécie de atmosfera fluídico-espiritual, comum às suas individualidades, atmosfera essa que torna favorável à transmissão do pensamento, que se faz de Espírito para alma e esta, pela ação que exerce sobre o corpo, exterioriza o conteúdo desse pensamento pelos diferentes tipos de faculdade mediúnica (psicografia, psicofonia, etc).


5) - Arquivo das Experiências do Espírito:

Antônio J. Freire, no seu livro Da Alma Humana, menciona que o perispírito tem, dentre outras funções, a de arquivar nas suas camadas mais sutis e permanentes, como películas cinematográficas, todos os acontecimentos de que fomos protagonistas, registrando e assimilando todos os conhecimentos adquiridos através de nossa evolução individual multimilenária, ficando mergulhados e comprimidos nas profundezas do subconsciente e do subliminal todos esses conhecimentos desnecessários e incompatíveis com a missão progressiva, expiatória e reparadora de cada reencarnação, mas suscetíveis de aflorarem à consciência normal e cerebral por processos hipnóticos/magnéticos, já muitas vezes experimentados e observados sob o nome de regressão de memória das vidas passadas (Conde Albert de Rochas (lê-se Rochá), José Maria Colavida e os atuais pesquisadores).

Gabriel Delanne, no seu Livro Evolução Anímica, faz comentários interessantes a este aspecto:

"O perispírito é a idéia diretora, o plano imponderável da estrutura orgânica. É ele que armazena, registra, conserva todas as percepções, todas as volições e idéias da alma. Ele se constitui a testemunha imutável, o detentor indefectível dos mais fugidios pensamentos, dos sonhos apenas entrevistos e formulados. É enfim, o guardião fiel, o acervo imperdível do nosso passado (grifo nosso). Em sua substância incorruptível, fixaram-se as leis do nosso desenvolvimento, tornando-o por excelência o conservador da nossa personalidade, por isso que nele é que reside a memória.


6) - Sede dos Centros Vitais:

Estamos imersos num mar de fluidos, derivados do Fluido Cósmico Universal - FCU e absorvendo e metabolizando o Fluido Vital, que por si só, separado da matéria, não tem existência.

Esta absorção que se dá automaticamente é feita pelos determinados Centros de Força, que já eram conhecidos pelas doutrinas secretas e iniciáticas, com a denominação de CHAKRA - palavra sânscrita que significa roda, devido a que esses centros são constituídos por uma série de vórtices semelhantes a rodas que existem na superfície do perispírito.

André Luiz no Livro Entre a Terra e o Céu refere-se à denominação Centros de Força para designar esses centros perispirituais. O instrutor Clarêncio, estudando a fisiologia do perispírito, explica a André Luiz a existência dos Centros de Força e os apresenta em número de 07 Principais.


1) - CENTRO CORONÁRIO:

Expressão máxima do veículo perispiritual, considerado pela filosofia hindu como sendo o lótus de mil pétalas, por ser o mais significativo em razão do seu alto potencial de radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Este centro recebe em primeiro lugar os estímulos do Espírito, comandando os demais, vibrando com eles. Dele emanam as energias de sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões.

Este centro é que liga os planos espiritual e material.

Ele relaciona-se, materialmente, com a EPÍFISE.

EPÍFISE: Também denominada Glândula Pineal, está situada na região denominada Epitálamo, tem a forma de uma pinha, e é pouco conhecida pela Ciência, embora desde Galeno (201 a 130 a.C.) e na antigüidade já fosse descrita.

Os neurologistas situam-na à frente do cerebelo, acima dos tubérculos, quadrigêmeos e por baixo do corpo caloso.

As funções do Corpo Pineal são desconhecidas, porém, a verificação de casos de puberdade precoce levou os cientistas a concluírem que a glândula tem papel importante no controle sexual no período infantil.

André Luiz, no seu livro Missionários da Luz, traduzindo a palavra do instrutor Alexandre, nos revela que a epífise é a glândula da vida mental; ela acorda no organismo do homem, na puberdade, as forças criadoras e, em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre.

A Glândula Pineal segrega hormônios psíquicos ou "unidades força" que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras. Segregando unidades-força, pode ser comparada à poderosa usina, que deve ser aproveitada e controlada, no serviço de iluminação, refinamento e benefício da personalidade.

No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera.


2) - CENTRO FRONTAL OU CEREBRAL:

Responsável direto pelo funcionamento dos centros superiores do processo intelectivo, bem como do Sistema Nervoso Central (visão, audição, tato, etc). É no Centro Frontal que possuímos o comando do núcleo endócrino, referente aos poderes psíquicos. Relaciona-se com os lobos frontais.




3) - CENTRO LARÍNGEO:

É o responsável pelo funcionamento das glândulas do Timo, da Tiróide e dos órgãos responsáveis pela fala. Está relacionado materialmente com o plexo cervical.


4) - CENTRO CARDÍACO:

É responsável pelo funcionamento do coração e do aparelho circulatório e pelo controle dos sentimentos. Está materialmente relacionado com o plexo cardíaco.


5) - CENTRO GÁSTRICO:

Responsável pelo funcionamento do aparelho digestivo; pela assimilação de elementos nutritivos e reposição de fluidos em nossa organização física. É responsável pelo controle das emoções. Relaciona-se, materialmente, com o plexo hipogástrico.


6) - CENTRO ESPLÊNICO:

Responsável pelo funcionamento do baço, pela formação e reposição das defesas orgânicas através do sangue; Relaciona-se, materialmente, com o plexo mesentérico (intestino inferior) e o baço.


7) - CENTRO GENÉSICO OU BÁSICO:

Responsável pelo funcionamento dos órgãos de reprodução e das emoções daí advindas; relaciona-se, materialmente, com o plexo sacro e hipogástrico.


Ä Correlação entre o Perispírito e a Aura Psíquica ou Hálito Mental:

Todos nós, encarnados e desencarnados vivemos mergulhados no FCU. Essa substância é absorvida automática e inconscientemente por várias portas de entrada (respiração, Centros de Força Vital - Chakras).

O FCU é absorvido e metabolizado em fluido Vital, circulando por esses diversos Centros de Forças, canalizando de acordo com o padrão vibratório de cada um, irradiando-se em torno do seu possuidor, com suas características particulares, formando o denominado "Hálito Mental" ou "aura Psíquica".

Todas as agregações celulares emitem radiações - halo energético.

No homem, essas irradiações são enriquecidas e modificadas pelos fatores do pensamento contínuo, modelando e formando a chamada Aura Humana.

A Aura é então, um espelho sensível em que todos os estados da alma se estampam com sinais característicos - todas as idéias se evidenciam, como se fossem telas vivas.

Ela retrata todos os pensamentos e estados em cores e imagens.

Através da Aura é que:

- somos vistos e examinados pelas Inteligências Superiores,

- somos sentidos e reconhecidos pelos nossos afins e

- exteriorizamos o reflexo de nós mesmos sem necessidade de palavras.

Quando ela é detectada, mostra exatamente o que somos e como somos - física, psíquica e moralmente.

Por ser nossa irradiação emitida diretamente ao meio externo, através dela, comunicamos ao mundo material e espiritual, nossa faixa de vibração.

Ela não é, contudo o Perispírito, mas apenas uma emanação deste.

Segundo André Luiz, todas as agregações celulares emitem radiações. Essas radiações se articulando formam "tecidos de força" em torno dos corpos que a exteriorizam.

No homem, semelhante projeção é profundamente enriquecida e modificada pelo "fatores do pensamento contínuo".

A Fotosfera Psíquica atende à cromática variada, segundo a onda mental que emitimos, retratando-nos todos os pensamentos em cores.


Ä Propriedades do Perispírito:

Elencaremos, conforme abaixo, as principais propriedade do Perispírito:


Penetrabilidade

Irradiação ou Expansibilidade

Elasticidade

Plasticidade

Absorção


1) - Penetrabilidade:

Uma das propriedades do Perispírito que são inerentes à sua natureza etérea é a penetrabilidade. Nenhuma matéria lhe opõe obstáculo: ele atravessa todas, como a luz atravessa os corpos transparentes. Daí não haver qualquer forma de obstar a entrada dos espíritos.

Devido a esta característica, que esse envoltório do Espírito não encontra barreiras materiais que não possa ultrapassar, adentrando, assim, ambientes hermeticamente vedados, e pela mesma razão, é atravessado sem dificuldades quaisquer em sua estrutura, pelos corpos materiais.

Eles visitam o prisioneiro no seu calabouço com a mesma facilidade com que visitam uma pessoa que esteja em pleno campo.


2) - Irradiação ou Expansibilidade:

O Perispírito não fica circunscrito pelo corpo, mas irradia ao seu derredor e o envolve como que de uma atmosfera fluídica.

Pela sua expansão, põe o espírito encarnado em relação mais direta com os Espíritos livres e também com os Espíritos encarnados.

A matéria sutil do perispírito não possui a tenacidade, nem a rigidez da matéria compacta do corpo; é, se assim nos podemos exprimir, flexível e expansível.

O perispírito pode, sem sair do lugar, emitir para diversas regiões o se psiquismo (pensamento).

Também pode ser observada a expansibilidade do perispírito quando o médium nas comunicações ou preparações para ela tem a sensação de que suas mãos, pés ou o corpo, num modo geral crescem.


3) - Elasticidade:

No aspecto de sua capacidade elástica, concebemos o porquê de estando o corpo em certo lugar, possa o Espírito deslocar-se, desprender-se, munido do seu corpo sutil, viajando para toda parte, por mais distante, quando, então, se caracterizam os fenômenos de desdobramento, desprendimentos, conscientes ou não dos indivíduos.

Médium de desdobramento é aquele cujo Espírito tem a possibilidade de desprender-se e excurcionar por vários lugares, na Terra ou no mundo espiritual, a fim de colaborar nos serviços, consolando ou curando.

Podemos dizer que a elasticidade como propriedade do perispírito, é a capacidade de se deslocar para lugares distantes sem se desligar do corpo.


4) - Plasticidade:

Graças a sua propriedade de plasticidade, que o perispírito, logra ter modificadas as suas formas externas, consoante a ação do psiquismo da Entidade Espiritual. Convertem-se em figuras dantescas, mesmo irracionais, na hipantropia (doença mental em que o indivíduo se julga transformado em cavalo), na licantropia (suposta metamorfose do homem em lobo), ou noutra qualquer expressão zoantrópica (perturbação mental em que o enfermo se acredita convertido num animal), dentro dos estados da mente enferma e culpada, grotesca, liberada do corpo somático.


5) - Absorção:

Através da capacidade absorsiva, o perispírito consegue assimilar essências materiais finas, fluídicas, encharcando-se com elas, ou penetrando-se de fluidos espirituais os mais diferenciados, que oferecem ao Espírito, temporariamente, certas sensações como se estivessem encarnados.

Não é por outra causa que entidades desencarnadas, ainda em estágios grosseiros de evolução, exigem dos que se põem em suas faixas vibratórias, comidas e bebidas para a sua satisfação pessoal, como recompensa ou pagamento pelas "ajudas" que prometem prestar.

Os Espíritos não comem, nem bebem, conforme o entendimento humano comum, por faltar-lhes a aparelhagem orgânica para isso, Não obstante, absorvem as essências finas que entretêm a vitalidade e gozam os prazeres mais estranhos por meio dessas propriedades valiosas que, por enquanto, não sabem valorizar.


Ä Observações com relação ao Perispírito:


* Qualquer que seja o grau em que se encontre, o Espírito está sempre revestido de um perispírito.


* União do Espírito com o corpo na Encarnação: - Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. A medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito que possui certas propriedades da matéria se une, molécula a molécula, ao corpo em formação (grifo nosso), donde podemos dizer que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra.


* A Separação Espírito – corpo: - Considerando-se o que foi citado acima, agora, por um efeito contrário, a união do Perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em conseqüência da desorganização do corpo. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então o Perispírito se desprende, molécula a molécula (grifo nosso), conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade.


* Atuação do Espírito sobre a matéria: - Durante a sua encarnação, o Espírito atua sobre a matéria por intermédio do seu corpo fluídico ou Perispírito, dando-se o mesmo quando ele não está encarnado.




* Aparência da última encarnação: - Quando um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista psíquica, o faz com as aparência que tinha quando vivo na época em que este o conheceu, embora, depois dessa época, muitas encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores, as enfermidades, cicatrizes. Com isso não se quer dizer que haja conservado essas aparências; o que se dá é que, retrocedendo o seu pensamento à época em que tinha tais características, seu Perispírito lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir logo que o mesmo pensamento deixa de agir naquele sentido. Se, pois, de uma vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou negro, conforme a encarnação a que ser refira a sua evocação e à que se transporte o seu pensamento.

Por análogo efeito, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos de que esteja habituado a usar. Um avarento manuseará ouro, um militar trará suas armas e seu uniforme, outros, seus objetos característicos como, óculos, cachimbo, brincos, etc.


* Formas Ovóides: - Complementando o que já foi visto, dentro das propriedades do Perispírito - Plasticidade, é importante a menção das chamadas formas ovóides.

Lamartine Palhano Jr. No seu Dicionário de Filosofia Espírita, nos apresenta as seguintes definições:

Ovoidização: - Definhamento do corpo espiritual; transformação em ovóide.

Ovóide: - (semelhante ao ovo, forma de ovo). Formação atípica do Perispírito causada por um forte monoideísmo de Espíritos que se mantém em idéias fixas, alienando-se dos mais simples cuidados de integridade pessoal. Há um definhamento do corpo espiritual, com miniaturização. Esse fenômeno pode ocorrer também sob o domínio hipnótico de entidades experientes, não só por questões de ordem inferior, mas também para determinadas operações, como nos preparativos reencarnatórios.

Encontramos no Livro Libertação ditadas pelo Espírito André Luiz, ao médium Francisco Cândido Xavier, no cap. XI, intitulado "Valiosa Experiência", o seguinte relato:

"Acercando-nos de acolhedora poltrona, em que um cavalheiro de idade madura, dando mostras de evidente moléstia nervosa, permanecia ladeado por dois rapazes. Suor frio lhe banhava a fronte e extrema palidez, com traços de terror, lhe exteriorizava a lipotimia. Revelava-se torturado por visões pavorosas no campo íntimo, somente acessível a ele mesmo. Registrei-lhe as perturbações cerebrais e vi, sob forte assombro, as várias formas ovóides (grifo nosso), escuras e diferenciadas entre si, aderindo-lhe à organização perispirítica."

1 comentário:

Fé pela Razão disse...

Muito boa a matéria.
Gostaria de saber onde está escrito que o Espírito evoluído pode se apresentar, não só com a aparência da última encarnação, o que seria a regra básica, mas também de reencarnações anteriores como é o caso de João Batista na forma de Elias na Transfiguração de Jesus".
Estaria em algum dos livros da Codificação de Kardec?
Obrigado
Franco
Ps.
Se possível enviar a resposta para meu e-mal
francomarcolin3@gmail.com