quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PERIGOS E PERDAS DA MEDIUNIDADE

Introdução:

Espiritismo e Mediunidade – Extraído do Livro “Estudando a Mediunidade” de Martins Peralva Cap. II pág. 17 a 19.

Que devemos buscar na Mediunidade?
Como devemos considerar os Médiuns?
Que nos podem oferecer o Espiritismo e o Mediunismo?

Essas três singelas perguntas constituem o esboço do presente capitulo.

Em que pese ao extraordinário progresso do Espiritismo, neste seu primeiro século de existência codificada, qualquer observador notará que os seus variegados ângulos ainda não foram integralmente apreendidos, inclusive por companheiros a ele já filiados.

Muitas criaturas, almas generosas e simples, ainda não sabem o que devem e podem buscar na mediunidade.
Outras guardam um conceito errôneo e perigoso, com relação aos médiuns, situando-os, indevidamente, na posição de santos ou iluminados.

Em resumo, ainda não sabemos, evidentemente, o que o Espiritismo e a pratica mediúnica nos podem oferecer.

Há quem deseje, irrefletidamente, buscar nos serviços de intercambio entre os dois planos a satisfação de seus interesses imediatistas, relacionados com a vida terrena, como existem os que, endeusando os médiuns, ameaçam-lhes a estabilidade espiritual, com sérios riscos para o Homem e para a Causa.

O Espiritismo não responde por isso.
Nem os Espíritos Superiores.
Nem os Espíritos mais esclarecidos.

Allan Kardec foi, no dizer de Flammarion, “o bom senso encarnado”. O Espiritismo, cuja codificação no plano físico coube ao sábio francês, teria de ser, também, a Doutrina do bom senso e da lógica, do equilíbrio e da sensatez.

Ele permanecerá como imponente marco de luz, por muitos séculos, aclarando o entendimento de quantos lhe busquem por manancial de esclarecimento e consolação.

Ao invés de cogitar apenas dos problemas materiais, para cuja solução existem, no mundo, numerosas instituições especializadas, cogita o Espiritismo de fixar o roteiro de nosso reajustamento para a Vida Superior.
Reajustamento assim especificado:

a) – Moral
b) – Espiritual
c) – Intelectual

E, na definição de André Luiz, “revelação divina para renovação fundamental dos homens”.
Quem se alista nas fileiras do Espiritismo é compelido, naturalmente, a iniciar o processo de sua própria transformação moral.
Não quer mais ser violento ou grosseiro, maledicente ou ingrato, leviano ou infiel.

Deseja, embora tateante, em vista das solicitações inferiores que decorrem, inevitavelmente, do nosso aprisionamento às formas primitivistas evolucionais, subir, devagarzinho, os penosos degraus do aperfeiçoamento espiritual, integrando-se, para isso, no trabalho em favor de si mesmo e dos outros.

O Espírito esclarecido considerará o médium como um companheiro comum, portador das mesmas responsabilidades e fraquezas que igualmente nos afligem.
Alma humana, falível e pecadora, necessitada de compreensão.
Não o tomará por adivinho, oráculo ou revelador de noticias inadequadas.

Assim sendo, ajudá-lo-á no desempenho dos seus deveres, evitando o elogio que inutiliza as mais belas florações mediúnicas, para estimula-lo e ampara-lo com a palavra amiga e sincera.

Todo Espírita ganharia muito se lesse, meditando, o capitulo História de um Médium, do Livro “Novas Mensagens”, do Espírito Humberto de Campos.

Como descansaria os médiuns do assedio impiedoso que lhes movem alguns companheiros, deixando-os assim, livres e desimpedidos para a realização de suas nobres tarefas?

O Espiritismo sincero irá compreendendo, pouco a pouco, que o Espiritismo e o Mediunismo lhe podem oferecer ensejo para o sublime “reencontro com o pensamento puro do Cristo, auxiliando-nos a compreensão para mais amplo discernimento da verdade”.

E, através dessa compreensão, saberá reverenciar “O Espiritismo e a Mediunidade como dois altares vivos no templo da fé, através dos quais contemplaremos, de mais alto, a esfera das cogitações pròpriamente terrestres, compreendendo, por fim, que a gloria reservada ao espírito humano é sublime e infinita, no Reino Divino do Universo”.

Com esta superior noção das finalidades da Doutrina Espírita, não mais se fará ouvir, proferidas por companheiros nossos, as três perguntas com que abrimos o presente capitulo:
Que devemos buscar na mediunidade?
Como devemos considerar os médiuns?
Que nos podem oferecer o Espiritismo e o Mediunismo?


Ä Perigos e Perda da Mediunidade – Conceitos Gerais.

Um dos perigos reais da mediunidade é a obsessão.

Como obsessão entende-se todo e qualquer constrangimento que os Espíritos inferiores determinam sobre o médium dominando a sua vontade.

Todos os que possuem faculdade mediúnica, sem exceção, estão sujeitos a obsessão, devendo, no entanto, resistir a influenciação negativa dos Espíritos voltados ao mal.

Geralmente, nos médiuns em desenvolvimento, a obsessão começa sob a forma simples, usando os obsessores de vários artifícios para conseguirem o seu intento. Pode evoluir para a fascinação quando o médium acha que é assistido por Espíritos Superiores, que na verdade não passam de mistificadores, que sabem explorar sua vaidade, lisonjeando suas faculdades e colocando-o como um “missionário” com importante papel no mundo.

A evolução pode seguir seu curso normal chegando o médium ao estagio da subjugação quando o obsessor domina completamente, tanto sua inteligência quanto sua vontade.

Pelo fato do médium possuir a capacidade de se exteriorizar perispiriticamente, mais acessível se torna à ação dos Espíritos do que as pessoas comuns. Os Espíritos agem sobre o médium através dos pensamentos, envolvendo-0 com os seus fluidos que o embaraçam. É um verdadeiro processo de enredamento fluídico.

A presença física do obsessor nem sempre é verificada, porém a sua ação é notada pelos resultados de sua influencia sobre a mente do médium que está sujeito. À distancia, por um fenômeno telepático, pode o obsessor acionar os mecanismos que deseja como um operador de rádio. É lógico que para isso acontecer, devem os dois, médium e obsessor, estar vinculados pelo passado ou por se encontrarem na mesma faixa vibratória, que os identifica.

A renovação espiritual do médium é fator preponderante na solução do problema.

Quando não existe outro meio efetivo, o médium pode ter suspensa a sua faculdade mediúnica, com vistas a se furtar, pelo menos em parte, da ação perniciosa dos obsessores, e para que, também, com a sua faculdade exercitada em regime de perturbação, não venha a iludir e desencaminhar outras criaturas inexperientes que estão em busca de consolo e orientação.

A retirada da faculdade mediúnica deve ser considerada um sinal benéfico e até mesmo uma caridade proporcionada pelos mentores. Poderá ser temporária ou definitiva, dependendo da recuperação moral do médium e da sua disposição de bem cumprir sua tarefa.

“Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mal servo torna-se indigno de confiança do Senhor da seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem os insultos do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferiores, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos”. (O Consolador – Questão 389).

Ä E como se reconhece a obsessão?

“Reconhece-se à obsessão pelas seguintes características”:

1ª. – Persistência de um Espírito em se comunicar, bom ou mal grado, pela escrita, pela audição, pela tiptologia, etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam;

2ª. – Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe;

3ª. – Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas ou absurdas;

4ª. – Confiança do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se comunicam;

5ª. - Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis;

6ª. – Tomar a mal a critica das comunicações que recebe;

7ª. – Necessidade incessante e inoportuna de escrever;

8ª. – Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou falar a seu mau grado.

9ª. – Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa ou o objeto “. (O Livro dos Médiuns – Cap. XXIII nº 243)”.

Ä Mediunidade - Conceito:
Lamartine Palhano Jr. em seu “Dicionário de Filosofia Espírita”, conceitua mediunidade como sendo uma faculdade inerente ao homem que permite a ele a percepção, em um grau qualquer, da influência dos Espíritos. Não constitui privilégio exclusivo de uma ou outra pessoa, pois, sendo uma possibilidade orgânica, depende de um organismo mais ou menos sensitivo.

Ä Mediunismo:
Alexander Aksakof, em 1.890, empregou o termo mediunismo para designar o uso das faculdades mediúnicas. A prática do mediunismo não significa que haja prática de Espiritismo propriamente dito, visto que a mediunidade não é propriedade do Espiritismo.

(veja ao final, pequena biografia de Alexander Aksakof).

Ä Mediunato:
Missão mediúnica da qual está investido um médium. Esta expressão foi criada pelos próprios Espíritos: “Deus me encarregou de desempenhar uma missão junto aos crentes a quem ele favorece com o mediunato” - Joana d’Arc (Capítulo XXXI, comunicação XII, em “O Livro dos Médiuns” de Allan Kardec).

Ä Médium:
(Do latim: medium = meio; intermediário; medianeiro). Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens; aquele que em um grau qualquer sente a influência dos Espíritos de modo ostensivo.

Como já foi mencionado, todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos, é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, privilégio exclusivo, donde se segue que poucos são os que não possuem um rudimento dessa faculdade. Pode-se, pois, dizer que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em que a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva.

Ä A Predisposição Mediúnica:
A predisposição mediúnica independe do sexo, da idade e do temperamento, bem como da condição social, da raça, da cultura, da religião, da inteligência e até mesmo das qualidades morais. Todavia, quanto mais elevado for moralmente o médium, melhor instrumento este se tornará à Espiritualidade.

Ä O Desenvolvimento da Faculdade Mediúnica:
O desenvolvimento da faculdade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos Espíritos; depende, portanto, do organismo e pode ser desenvolvida quando exista o princípio; não podendo, conseqüentemente, quando o princípio não existe.

As relações entre os Espíritos e os médiuns se estabelecem por meio dos respectivos perispíritos, dependendo a facilidade dessas relações do grau de afinidade existente entre os dois fluidos. Alguns há que se combinam facilmente, enquanto outros se repelem, donde se segue que não basta ser médium para que uma pessoa se comunique indistintamente com todos os Espíritos.

Combinando os fluidos perispiríticos os Espíritos não só transmitem aos médiuns seus pensamentos, como também chegam a exercer sobre eles uma influência física, fazem-nos agir e falar à sua vontade. Todavia, a elevação moral do médium e seu controle sobre a faculdade que possuí impedirá que os Espíritos inferiorizados se adornem da sua faculdade e paralisem-lhe o livre arbítrio.

Podem os espíritos manifestar-se de uma infinidade de maneiras, mas não o podem senão com a condição de achar uma pessoa apta a receber e transmitir impressões deste ou daquele gênero, segundo as aptidões que possua. Da diversidade de aptidões decorre que há diferentes espécies de médiuns.

Bibliografia: Apostila do Coem nº 08 22ª. Sessão de Exercício Prático. Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, “Encontro Marcado”, Cap. 33; idem, “O Consolador”, Questão 389. Espiritismo e Mediunidade – Extraído do Livro “Estudando a Mediunidade” de Martins Peralva Cap. II pág. 17 a 19.”Livro dos Médiuns”.

Sem comentários: