quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS III

Prelúdio da Volta à Vida Corporal

As encarnações e desencarnações são fases importantes e necessárias, que se alternam por uma imensidade de vezes, na escalada evolutiva do Espírito.

Assim como, para o Espírito, a morte do corpo é uma espécie de renascimento, a reencarnação é uma espécie de morte, ou antes, de um exílio, de clausura. Ele deixa

o mundo dos Espíritos pelo mundo corporal, como o homem deixa este mundo por aquele.

A desencarnação é um processo de síntese; síntese orgânica e síntese psíquica.

A encarnação é um processo de análise. É a subdivisão da consciência em faculdades diversas e do sentido único em sentidos múltiplos, para facilitar o seu exercício e conduzir ao seu desenvolvimento.

A união de alma e corpo começa na concepção, mas só se completa no instante do nascimento. O invólucro fluídico é que liga o Espírito ao gérmen, e essa união vai se adensando, torna-se mais íntima de momento a momento, até que se completa quando a criança vem à luz. No período intercorrente, da concepção ao nascimento, as faculdades da alma são pouco a pouco assomadas pelo poder sempre crescente da força vital, que diminui o movimento vibratório do perispírito, até o momento em que, não atingindo o mínimo perceptível, o Espírito fica quase totalmente inconsciente. Dessa diminuição de amplitude do movimento fluídico é que resulta o esquecimento.

Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.

Desde que o Espírito é apanhado no laço fluidico que o prende ao gérmen, entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir às manifestações.

André Luiz nos relata, detalhadamente, o imenso carinho e os inúmeros cuidados que o mundo Espiritual dedica ao processo reencarnatório.

Na admirável obra " Entre a Terra e o Céu ", ele nos narra a elevada curiosidade de Hilário, que obtém de Clarêncio profundas explicações sobre a intimidade da encarnação:

"Os princípios organogênicos essenciais do perispírito de Júlio (o reencarnante) já se encontram reduzidos na intimidade do altar materno, e, à maneira de um imã, vão aglutinando sobre si os recursos de formação do novo vestuário de carne que lhe será o vaso próximo de manifestação.

A reencarnação, tanto quanto a desencarnação, é um choque biológico dos mais apreciáveis. Unido à matriz geradora do santuário materno, em busca de nova forma, o perispírito sofre a influência de fortes correntes eletromagnéticas, que lhe impõe a redução automática.

Durante a gravidez de Zulmira, a mente de Júlio permanecerá associada à mente materna, influenciando, como é justo, a formação do embrião. Todo o cosmo celular do novo organismo estará impregnado pelas forças do pensamento enfermiço de nosso irmão que regressa ao mundo. Assim sendo, Júlio renascerá com as deficiências de que ainda é portador, embora favorecido pelo material genético que recolherá dos pais ..."

No Livro "Missionários da Luz", também de autoria do Espírito André Luiz, deparamo-nos com preciosas ilustrações a respeito da complexidade de iniciativas que o Plano Espiritual realiza, sempre que retorna ao mundo corporal um Espírito em resgate ou complementação de tarefas mal executadas em vida anterior.

Um bondoso orientador espiritual (Alexandre), interessado no sucesso reencarnatório de seu protegido (Segismundo), comenta com Herculano:

"Já observei o gráfico referente ao organismo físico que o nosso amigo receberá de futuro, verificando, de perto, as imagens da moléstia do coração que ele sofrerá na idade madura, como conseqüência da falta cometida no passado. Segismundo experimentará grandes perturbações dos nervos cardíacos, mormente os nervos do tônus.

Com exceção do tubo arterial, na parte a dilatar-se para o mecanismo do coração, tudo irá bem. Todos os genes poderão ser localizados com normalidade absoluta."

Interessado na reencarnação de Segismundo, fala, com relação aos seus futuros pais:

"Voltaremos a vê-los no dia da ligação inicial de Segismundo com a matéria física. Preciso cooperar, na ocasião, com os nossos amigos Construtores, aos quais pedi me apresentassem os mapas cromossômicos, referentemente aos serviços a serem encetados."

Em relação ao sofrimento por que passava Segismundo para sua encarnação, explica:

"Desde muito, e, particularmente, desde a semana passada, está em processo de ligação fluídica direta com os futuros pais. A medida que se intensifica semelhante aproximação, ele vai perdendo os pontos de contato com os veículos que consolidou em nossa esfera, através da assimilação dos elementos de nosso plano. Semelhante operação é necessária para que o organismo perispiritual possa retornar a plasticidade que lhe é característica e, no estágio em que ele se encontra, o serviço impõe-lhe sofrimentos."

Mas nem todos os reencarnantes devem passar pelos mesmos sofrimentos. É que, diz o Orientador: "Os processos de reencarnação, tanto quanto os da morte física, diferem ao infinito, não existindo, segundo cremos, dois absolutamente iguais. As facilidades e obstáculos estão subordinados a fatores numerosos, muitas vezes relativos ao estado consciêncial dos próprios interessados no regresso à Crosta ou na libertação dos veículos carnais. Há companheiros de grande elevação que, ao voltarem à esfera mais densa em apostolado de serviço e iluminação, quase dispensam o nosso concurso ..."


Ä Da Infância

O espírito de uma criança pode ser até mais evoluído dos que o de um adulto, porém, sua inteligência não se manifesta plenamente, por que seu organismo físico ainda não está suficientemente desenvolvido. O estado de perturbação por que passa o Espírito, no ato da encarnação, só aos poucos é que vai cessando, dissipando-se totalmente com pleno desenvolvimento dos órgãos.

A infância é uma fase de adaptação muito necessária ao Espírito reencarnante. Ela não se passa da mesma forma nos diferentes mundos; nos mais adiantados é menos obtusa.

Recém-saído do mundo espiritual, onde gozava de maior liberdade e dispunha de maiores recursos, o Espírito se vê em dificuldades para exprimir seus pensamentos e manifestar suas sensações, em pleno exercício de suas reais faculdades.

Nessa fase em que o Espírito se vê limitado em sua liberdade, a infância é uma demonstração da misericórdia de Deus, que lhe propicia uma dupla vantagem :



primeiro, o Espírito ganha o tempo indispensável, afim de se preparar para as futuras e difíceis tarefas da nova existência a trilhar;



segundo, pela fase que atravessa – comum a todas às crianças, isto é, de simplicidade e de inocência - despertará nos pais e naqueles com quem conviva muita simpatia, interesse e boa vontade, o que de muito lhe facilitará o despenho de suas atividades.


Sabemos, outrossim, que cada criança apresentará mais tarde todas as suas tendências e falhas morais, de acordo com seu adiantamento espiritual e que a criança rebelde se conserva ignorante e imperfeita, entretanto, seu aproveitamento depende da sua maior ou menor docilidade.

Reencarnando sob a forma inicial de uma criança o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.

Como criança o Espírito, pois, enverga temporariamente a túnica da inocência.

Foi por isso que Jesus destacou esse estado de pureza e de simplicidade da infância, ressaltando sua importância e fazendo ver que o ideal seria a alma permanecer sempre com tais disposições vida afora.

E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles e disse: "Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus."

O mais frio celerado há de se lembrar um dia de que já foi criança, de aparência inocente e pura e que de muito lhe valeria ter continuado a cultivar semelhantes virtudes.


Ä Questões relativas à Infância no Livro dos Espíritos:

Pela importância que o assunto representa neste estudo, entendemos ser importante para um melhor entendimento, a apresentação das questões referentes em O Livro dos Espíritos. Desta forma, encontramos na Parte Segunda, Capítulo Sexto – Da Volta do Espírito à Vida Corporal, o subtítulo "A Infância":


A infância


379. É tão desenvolvido, quanto o de um adulto, o Espírito que anima o corpo de uma criança?

"Pode até ser mais, se mais progrediu. Apenas a imperfeição dos órgãos infantis o impede de se manifestar. Obra de conformidade com o instrumento de que dispõe."


380. Abstraindo do obstáculo que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, o Espírito, numa criancinha, pensa como criança ou como adulto?

"Desde que se trate de uma criança, é claro que, não estando ainda nela desenvolvidos, não podem os órgãos da inteligência dar toda a intuição própria de um adulto ao Espírito que a anima. Este, pois, tem, efetivamente, limitada a inteligência, enquanto a idade lhe não amadurece a razão. A perturbação que o ato da encarnação produz no Espírito não cessa de súbito, por ocasião do nascimento. Só gradualmente se dissipa, com o desenvolvimento dos órgãos."

* Há um fato de observação, que apóia esta resposta. Os sonhos, numa criança, não apresentam o caráter dos de um adulto. Quase sempre pueril é o objeto dos sonhos infantis, o que indica de que natureza são as preocupações do respectivo Espírito.


381. Por morte da criança, readquire o Espírito, imediatamente, o seu precedente vigor?

"Assim tem que ser, pois que se vê desembaraçado de seu invólucro corporal. Entretanto, não readquire a anterior lucidez, senão quando se tenha completamente separado daquele envoltório, isto é, quando mais nenhum laço exista entre ele e o corpo."


382. Durante a infância sofre o Espírito encarnado, em conseqüência do constrangimento que a imperfeição dos órgãos lhe impõe?

"Não. Esse estado corresponde a uma necessidade, está na ordem da Natureza e de acordo com as vistas da Providência. É um período de repouso do Espírito."


383. Qual, para este, a utilidade de passar pelo estado de infância?

"Encarnado, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo."


384. Por que é o choro a primeira manifestação da criança ao nascer?

" Para estimular o interesse da genitora e provocar os cuidados de que há mister. Não é evidente que se suas manifestações fossem todas de alegria, quando ainda não sabe falar, pouco se inquietariam os que o cercam com os cuidados que lhe são indispensáveis? Admirai, pois, em tudo a sabedoria da Providência."


385. Que é o que motiva a mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao sair da adolescência? É que o Espírito se modifica?

"É que o Espírito retoma a natureza que lhe é própria e se mostra qual era.

"Não conheceis o que a inocência das crianças oculta. Não sabeis o que elas são, nem o que foram, nem o que serão. Contudo, afeição lhes tendes, as acaricias, como se fossem parcelas de vós mesmos, a tal ponto que se considera o amor que uma mãe consagra a seus filhos como o maior amor que um ser possa votar a outro. Donde nasce o meigo afeto, a terna benevolência que mesmo os estranhos sentem por uma criança? Sabeis? Não. Pois bem! Vou explicá-lo."

"As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhe possam imputar excessiva severidade, dá-lhes Ele todos os aspectos da inocência. Ainda quando se trata de uma criança de maus pendores, cobrem-se-lhe as más ações com a capa da inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real com relação ao que eram antes, não. É a imagem do que deveriam ser e, se não o são, o conseqüente castigo exclusivamente sobre elas recai.

"Não foi, todavia, por elas somente que Deus lhes deu esse aspecto de inocência; foi também e sobretudo por seus pais, de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza. Ora, esse amor se enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e intratável, ao passo que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados. Desde que, porém, os filhos não mais precisam da proteção e assistência que lhes foram dispensadas durante quinze ou vinte anos, surge-lhes o caráter real e individual em toda a nudez. Conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons; mas, sempre irisados de matizes que a primeira infância manteve ocultos.

"Como vedes, os processos de Deus são sempre os melhores e, quando se tem o coração puro, facilmente se lhes apreende a explicação.

"Com efeito, ponderai que nos vossos lares possivelmente nascem crianças cujos Espíritos vêm de mundos onde contraíram hábitos diferentes dos vossos e dizei-me como poderiam estar no vosso meio esses seres, trazendo paixões diversas das que nutris, inclinações, gostos, inteiramente opostos aos vossos; como poderiam enfileirar-se entre vós, senão como Deus o determinou, isto é, passando pelo tamis da infância? Nesta se vêm confundir todas as idéias, todos os caracteres, todas as variedades de seres gerados pela infinidade dos mundos em que medram as criaturas. E vós mesmos, ao morrerdes, vos achareis num estado que é uma espécie de infância, entre novos irmãos. Ao volverdes à existência extraterrena, ignorareis os hábitos, os costumes, as relações que se observam nesse mundo, para vós, novo. Manejareis com dificuldade uma linguagem que não estais acostumado a falar, linguagem mais vivaz do que o é agora o vosso pensamento. (319) (vide logo abaixo).

"A infância ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas.

"Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também conseqüência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo."


Referências citadas:

319. Já tendo o Espírito vivido a vida espírita antes da sua encarnação, como se explica o seu espanto ao reingressar no mundo dos Espíritos?

"Isso só se dá no primeiro momento e é efeito da perturbação que se segue ao despertar do Espírito. Mais tarde, ele se vai inteirando da sua condição, à medida que lhe volta a lembrança do passado e que a impressão da vida terrena se lhe apaga." (n°s. 163 e seguintes.)

163. A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o corpo?

"Imediatamente não é bem o termo. A alma passa algum tempo em estado de perturbação."

164. A perturbação que se segue à separação da alma e do corpo é do mesmo grau e da mesma duração para todos os Espíritos?

"Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado, se reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria."

165. O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?

"Influência muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem."


Ä Encarnação nos Diferentes Mundos:

A encarnação nos diferentes mundos obedece a um critério de progresso moral.

Quando em um mundo, os Espíritos hão realizado a soma de progresso que o estado desse mundo comporta, deixam-no para encarnar em outro mais adiantado, onde adquiram novos conhecimentos.

Os Espíritos que encarnam em um mundo não se acham a ele presos, indefinidamente.

O Espírito elevado é destinado a renascer em planetas mais evoluídos que o nosso. A escala grandiosas dos mundos tem inúmeros graus, dispostos para a ascensão progressiva das almas, que os devem transpor cada um por sua vez.

Sobre os mundos existentes para morada dos Espíritos, disse Jesus:

"Na casa de meu pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar".

Nas esferas superiores à Terra o império da matéria é menor.

Lá se desconhecem as guerras, carecendo de objeto os ódios e as discórdias, porque ninguém pensa em causar dano ao seu semelhante.

O ser humano, nesses mundos, não mais se arrastam penosamente sob a ação de pesada atmosfera; desloca-se de um lugar para outro com muita facilidade. As necessidades corpóreas são quase nulas e os trabalhos rudes, desconhecidos. Mais longa que a nossa, a existência aí se passa no estudo, na participação das obras de uma civilização aperfeiçoada, tendo por base a mais pura moral, o respeito aos direitos de todos, a amizade e a fraternidade.

A intuição que seus habitantes têm do futuro, a segurança que uma consciência isenta de remorsos lhes dá, fazem que a morte nenhuma apreensão lhes cause. Encaram-na de frente, sem temor, como simples transformação.

Nenhum pensamento oculto, nenhum sentimento de inveja tem ingresso nessas almas delicadas. O amor, a confiança e a sinceridade presidem a essas reuniões onde todos recolhem as instruções dos mensageiros divinos, onde se aceitam as tarefas que contribuem para elevá-los ainda mais.

A encarnação em mundo inferior àquele em que os Espíritos viveram em sua última existência pode ocorrer em dois casos:


em missão, como objetivo de auxiliarem o progresso, caso em que aceitam alegres as tribulações de tal existência, por lhes proporcionar meio de se adiantarem.


como expiação, e a punição dos Espíritos consiste em não avançarem, em recomeçarem, no meio conveniente à sua natureza, as existências mal empregadas.

Nos mundos superiores, a forma corpórea aí é sempre a humana, porém, muito mais embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada. O corpo nada tem de materialidade terrestre e não está, conseguintemente, sujeito às necessidades, nem às doenças ou deteriorações que a predominância da matéria provoca.


Do Livro Estesia, psicografado por Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Rabindranath Tagore:




Realidade Distante


Sonhei que sonhava...

Tudo era, então, risonho e doce encantamento

onde a dor e o sofrimento

a tristeza e a maldade se diluíam,

quais bolas de sabão ao sabor do vento,

em primavera cantarolante.

Os rios encachoeirados douravam-se sob os raios de permanente luz

E os homens, em bandos gárrulos,

exaltavam o amor.

Havia, em toda a parte, a fraternidade sem suspeita

e o serviço sem remuneração.

A poesia do bem recitava os versos de enternecimento

com que as criaturas melhor se entendiam e completavam.

Recordei-me da guerra e do ódio, das pestes e dos suplícios.

Mas ninguém me pode responder,

quando interroguei os felizes habitantes desse paraíso.

Todos eram jovens e sábios com a idade dos tempos vencidos,

além dos tempos a vencer...

Nem sombra ou mácula encontrei em parte alguma

e dei-me conta de que as claridades que fulguravam em todo lugar

nasciam em toda parte,

sem extinguir-se em noite de triunfo mentiroso.

Sonhei que sonhava com o porvir,

quando o Carro do rei da Juventude e da Paz

rasgará a estrada do infinito no rumo do sem-fim.

Amado rei, por quem anelo,

sempre sonhei contigo, porém,

hoje sonhei que sonhava.

... A Realidade chegou e despertou-me,

dizendo-me, em canção de esperança:

Ama e aguarda!

Amanhã já não sonharás,

porque o teu sonho já será.




Bibliografia:


Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos. Parte 2ª, Cap. I – Dos Espíritos – pergunta 115-a; Cap. IV – Da Pluralidade das Existências – perguntas 178, 182 e 183; Cap. VII, Da Volta do Espírito à vida Corporal - Perguntas 339, 340; 379 à 385.

Kardec, Allan – A Gênese – Gênese Espiritual – item 18, 20 e 28.

Kardec, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. VIII – Bem aventurados os que tem puro o coração – item 03; Cap. III – Há muitas moradas na Casa de meu Pai – item 5, 9 e 10.

Delanne, Gabriel – A Evolução Anímica – O papel da alma do ponto de vista da encarnação, da hereditariedade e da loucura.

Xavier, Francisco Cândido – Entre a terra e o Céu – pelo Espírito André Luiz – capítulo: Ante a Reencarnação.

Xavier, Francisco Cândido – Missionários da Luz – pelo Espírito André Luiz – capítulo: Reencarnação.

Denis, Léon – Depois da Morte – A vida Superior – parte 4.ª

Apostila da Federação Espírita Brasileira – Estudo Sistematizado da doutrina Espírita – roteiros 26, 27 e 28.

Tagore, Rabindranath – Estesia – Realidade Distante.

Sem comentários: