quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

VIDA ESPIRITA

Introdução:

Encontramos em O Livro dos Espíritos (1.857), na Parte Segunda, o Capítulo VI que trata da Vida Espírita.

Nesse capítulo, são trazidos ao nosso conhecimento importantes situações relacionadas com o retorno do Espírito ao Mundo Normal Primitivo ou Mundo dos Espíritos, bem como as condições em que os mesmos se encontram.


Ä Espíritos Errantes:

Separado do corpo físico, pela desencarnação, o Espírito, na maioria das vezes, reencarna depois de intervalos mais ou menos longos. Nesses intervalos, entre as encarnações, a alma se encontra na condição de "Espírito Errante" à espera de um novo destino.

Esses intervalos entre as encarnações podem durar desde algumas horas, até alguns milhares de séculos, não existindo , neste sentido, limite determinado.

Ä Erraticidade:

Podemos defini-la como sendo o estado dos Espíritos errantes, isto é, não encarnados, durante os intervalos de suas diversas existências corpóreas.

A erraticidade mesmo sendo muito longa, nunca é perpétua. Após determinado período, o Espírito voltará a uma existência apropriada a seu aprendizado e aperfeiçoamento.

A erraticidade não é sinal absoluto de inferioridade para os Espíritos. Há Espíritos errantes de todas as classes, salvo os da Primeira Ordem ou Espíritos Puros, que não necessitam mais sofrer encarnações.


Ä Situação dos Espíritos Errantes:

Os Espíritos errantes são felizes ou desgraçados, segundo o grau de sua purificação. Tal felicidade está em correspondência como grau de desmaterialização que hajam alcançado.

Os espíritos errantes que ainda não se desprenderam da matéria, ficam vinculados ao mundo onde acabaram de desencarnar. Poderão visitar outros mundos do mesmo grau, bem como, em havendo permissão e acompanhamento, ir a mundos superiores, mas na condição de estrangeiro. Podem entrevê-los e aspirar melhoria própria para habitá-los um dia. Os espíritos superiores(purificados) freqüentemente vão a mundos inferiores para auxiliar o seu progresso.

É nesse estado que o Espírito, tendo despido o véu material do corpo, reconhece suas existências anteriores e os erros que o afastam da perfeição e da felicidade infinita. É então, igualmente, que ele escolhe novas provas, a fim de avançar mais depressa.

Nos mundos superiores a reencarnação é quase sempre imediata, porque a matéria corporal é menos grosseira e os Espíritos gozam de todas as suas faculdades.


Ä A importância da Erraticidade para os Espíritos:

Os A duração do intervalo entre as encarnações dependerá do livre-arbítrio do Espírito, mas para alguns constituirá em uma provação.

Outro motivo pode ser também, estudos que só na condição de Espírito podem efetuar. Observam ocorrências nos ambientes que percorrem e ouvem os conselhos de espíritos mais elevados, adquirindo assim novas idéias. Eles progridem dependendo de sua vontade e desejo, mas, somente na existência corporal é que eles poderão colocar em prática as idéias adquiridas.


Ä Classificação dos Espíritos de acordo com o estado em que se encontram:

Quanto as qualidades íntimas, os espíritos são de diferentes ordens ou graus, que vão se sucedendo à medida que evoluem. Com relação ao estado em que se encontram, podem ser assim considerados:

Espíritos Encarnados - Encontram-se ligados a um corpo físico;


Espíritos Errantes - Encontram-se desligados do corpo material e aguardando nova encarnação para se melhorarem.


Espírito Puros - Não necessitam mais de reencarnações. (somente quando em missão).


Ä Mundos Transitórios:

Há mundos que servem de estações ou pontos de repouso aos Espíritos errantes. São habitações temporárias, campos onde descansam como as aves que pousam numa ilha para refazerem forças e seguirem seu rumo. São mundos intermédios, graduados de acordo com a natureza dos Espíritos que a eles podem ter acesso.

Os Espíritos que habitam esses mundos podem deixá-los a fim de seguirem para onde devam ir. Enquanto permanecem nesses mundos transitórios os Espíritos progridem para mais facilmente passarem a mundos melhores e chegarem à perfeição. Os mundos transitórios não se conservam perpetuamente, destinados aos Espíritos errantes, tal condição é temporária.

Esses mundos não são habitados pôr seres corpóreos, pois sua superfície é estéril. A Terra, durante o período de sua formação, já pertenceu à categoria de mundo provisório, pois nada é inútil na natureza.


Ä Sorte das crianças depois da morte:

O Espírito de uma criança que morreu em tenra idade, pode ser tanto ou mais elevado do que o de um adulto. Pode já ter vivido muito mais e adquirido maiores conhecimentos. É muito comum, o Espírito de uma criança ser muito mais evoluído do que de seus pais.

O Espírito de uma criança que morreu precocemente pertencerá à categoria que tivera anteriormente, pois se não fez o mal, não fez também o bem e não está isento das provas para adiantamento. A curta duração da vida da criança pode representar para o espírito encarnado, o complemento de uma existência precedentemente interrompida antes do momento que devia terminar; e sua morte também não raro, constitui provação ou expiação para os pais.

Quando acontece morrer durante a infância, ele recomeçará outra existência como todos os espíritos que não alcançaram a perfeição. Se existisse apenas uma única encarnação, quem morresse na infância gozaria de felicidade eterna sem esforços.

Com a reencarnação a igualdade é real. Cada um tem o merecimento, bem como a responsabilidade pêlos seus atos.

Observamos instintos tão diversos em crianças da mesma idade e educados nas mesmas condições. Vemos a precoce perversidade, quando a educação em nada constituiu para isso. As que se revelam viciosas é porque seus espíritos pouco progrediram.


Ä Percepções, Sensações e Sofrimentos dos Espíritos:

A alma, retornando ao Mundo dos Espíritos, conserva as percepções que tinham quando na Terra. Terá ainda outras percepções de que não dispunha pôr causa do corpo físico que a obscurecia. Quanto mais se aproximam da perfeição, mais percepções e conhecimentos eles têm.

Os Espíritos Superiores sabem muito e os imperfeitos são mais ou menos ignorantes acerca de tudo.

Conforme se efetive a elevação e a pureza, mais condições vão tendo de conhecer o princípio das coisas. Os das ordens inferiores não sabem mais do que os homens.


Ä Percepção do tempo

Os espíritos não concebem o tempo como nós o compreendemos. A duração do tempo deixa de existir. Os séculos, tão longos para nós, não passam para eles de instantes que se movem na eternidade.


Ä Percepção do presente

Os espíritos podem fazer do presente mais precisa e exata idéia do que nós, dependendo do grau de elevação a que tinham alcançado.


Ä Percepção do passado

Como os desencarnados já se desvencilharam do véu material que nos tolda a inteligência, eles poderão ter melhor conhecimento do passado. Mas nem tudo sabem, a começar de sua própria criação. O passado para eles é presente.


Ä Percepção do futuro

Seu conhecimento do futuro dependerá de seu grau evolutivo. Muitas vezes entrevêem o futuro, porém nem sempre lhes é permitido revelá-lo. Quando o vêem parece-lhes presente, e á medida que se aproxima de Deus mais claramente vê o futuro.


Ä Percepção de Deus

Só os espíritos superiores podem ver e compreender a Deus. Os inferiores (imperfeitos) o sentem e adivinham. Quando um espírito menos elevado diz que Deus lhe proíbe ou permite uma coisa, ele sente a soberania de Deus, não o vê, sabe pôr intuição. Para se comunicar com Deus é preciso ser digno disso. Deus transmite suas ordens pôr intermédio dos espíritos imediatamente superiores em perfeição e instrução.


Ä Percepção visual

Os espíritos não tem circunscrita a visão como nos seres corpóreos. Ela reside em todo ele, vêem pôr si mesmos sem precisarem de luz exterior. Como o espírito pode se transportar onde queira com a rapidez do pensamento, pode-se dizer que vê em toda parte ao mesmo tempo. Quanto menos evoluído é o espírito, mais limitada é a sua visão. Dependendo de sua pureza, seu pensamento poderá se irradiar para muitos pontos diferentes. A faculdade de ver é uma propriedade inerente à sua natureza e reside em todo o seu ser, da mesma forma que a luz reside em todas as partes de um corpo luminoso.


Ä Percepção sonora

Assim como a visão, a audição é uma percepção inerente ao ser. Quando encarnado, tais percepções chegam pelo conduto dos órgãos. Quando o espírito está livre, deixam de estar localizadas e percebem até aqueles que para nós são imperceptíveis. Do ponto de vista geral, o espírito vê e ouve o que quer, ressalvando que os imperfeitos vêem e ouvem a seu mau grado, o que lhes possa ser útil ao aperfeiçoamento.


Ä Percepção musical

A música possui infinitos encantos para os espíritos, pôr terem eles muito desenvolvidas as qualidades sensitivas. A música celeste é o que tem de mais belo e delicado que a imaginação espiritual possa conceber.


Ä Percepção das belezas naturais

Os espíritos são sensíveis às belezas da natureza de acordo com as aptidões que tenham para apreciá-las e compreendê-las.


Ä Percepção dos sofrimentos

As nossas necessidades e sofrimentos físicos eles não o experimentam materialmente como nós pois são espíritos. Eles os conhecem porque os sofreram. Seus sofrimentos são as angústias morais que os torturam dolorosamente.


Ä Sensações de fadiga e repouso

Em relação à fadiga e ao repouso, não os sofrem como nós, pois não possuem órgãos cujas forças devam ser reparadas. O repouso é no sentido de não estar em constante atividade, sua ação é toda intelectual e seu repouso é inteiramente moral. A espécie de fadiga que os espíritos sentem está em relação à sua inferioridade (materialidade). Quanto mais elevados, menos precisam de repouso.


Ä Sensações de frio e calor

O frio e o calor que dizem sentir é reminiscência do que padeceram durante a vida, e que pode ser tão penosa quanto à nossa realidade. É uma espécie de comparação para expressarem sua situação. Essas sensações não podem ter ação física, pois nem o frio e nem o calor podem desorganizar os tecidos da alma, pois ela não pode congelar-se e nem queimar-se.


Ä Ensaio Teórico das Sensações e Percepções nos Espíritos:

As sensações e percepções dos espíritos são diferentes conforme seu grau de evolução e o estado de encarnação ou desencarnação em se encontram.


Ä Espírito encarnado

O espírito no estado de encarnação possui três componentes:

1 - Alma, princípio inteligente, onde tem sede o senso moral.

2 - Corpo físico, material que revestirá temporariamente.

3 - Perispírito, envoltório fluídico semimaterial que liga a alma ao corpo físico.

Durante a vida corporal o perispírito fica reduzido em suas percepções e sensações, tais limitações se fazem necessárias. A visão, audição, tato são enormemente restringidas, e os conhecimentos adquiridos ressurgem como intuição e tendências.


Ä Espírito Desencarnado

O perispírito é o agente das sensações exteriores que são localizadas no corpo físico, através dos órgãos. Quando não há mais corpo físico, estas sensações se tornam gerais. A alma tem pois em si mesma a faculdade de todas as percepções. Estas, na vida corpórea, se vão desanuviando à medida que o invólucro semimaterial se eteriza ou seja, o espírito vai se purificando.

Tanto os espíritos superiores, como os inferiores, não ouvem ou não sentem senão o que queiram. Podem tornar ativas ou nulas suas percepções. Uma só coisa são obrigados a ouvir: o conselho dos bons. A vista é sempre ativa, mas podem se fazer invisíveis uns aos outros. Ocultam-se dos que são inferiores, não dos superiores. Quanto a extensão da visão através do espaço infinito, do futuro ou do passado, depende do grau de pureza e elevação espiritual.

O sofrer dos espíritos resulta dos laços que ainda os prendem à matéria. Quanto mais desmaterializados, menos sensações dolorosas sentirão. Tem, portanto, o livre arbítrio para purificarem-se, nutrindo bons sentimentos praticando o bem e não ligando às coisas deste mundo importância que não mereçam. A outra vida será feliz para os que seguirem caminho do bem.

O destino é construção própria de cada um.


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Bibliografia:


Apostila do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Federação Espírita Brasileira – Unidade 04, subunidade 1, Roteiro 12 e subunidade 2, roteiro 13.


Apostila do PBDE – Programa Básico de Doutrina Espírita – 5.ª sessão – Centro Espírita Luz Eterna.


O Livro dos Espíritos – Parte 2.ª, capítulo VI – Da Vida Espírita.


O Principiante Espírita – Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita.


O Fenômeno Espírita – Cap. A Doutrina Espírita - Gabriel Delanne.


Depois da Morte – Cap. A Erraticidade - Léon Denis.

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